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16/02/2010 - 13h15

Em Berlim, Catherine Keener, Amanda Peet e Rebecca Hall mostram a força das mulheres

ALESSANDRO GIANNINI
Enviado especial a Berlim
  • Getty Images

    As atrizes Rebecca Hall, Catherine Keener e Amanda Peet participam do 60º Festival de Berlim com o filme "Please Give"

Até agora, a mostra competitiva do 60o. Festival de Berlim foi marcada por filmes com personagens masculinos complexos e interpretações muito fortes. Nesta terça (16), "Please Give", que participa da seção na condição de "fora-de-competição", quebrou essa escrita. O filme de Nicole Holofcener conta a história de várias mulheres que gravitam em torno de um prédio de apartamentos em Manhattan e são ligadas pela vizinhança ou por laços de família.

Com Catherine Keener, Amanda Peet e Rebecca Hall, "Please Give" chamou a atenção dos jornalistas que cobrem a Berlinale, embora as perguntas mais delicadas não tenham sido respondidas diretamente durante a entrevista coletiva após a primeira sessão para a imprensa. Mas o filme levantou uma questão cada vez mais presente diante da participação americana: o que fazem filmes com esse perfil em um festival como o de Berlim e o que têm a acrescentar?

Holfcener e Keener responderam a essa pergunta indiretamente. "Na verdade, nessas ocasiões [os festivais de cinema], esperamos que o filme seja vendido", disse a atriz. "Não se trata de fazer filmes para ganhar prêmios", acrescentou a diretora. "Eu me preocupo mais em conseguir financiamento para os meus filmes ou convencer os atores que eu quero a trabalharem comigo."

Inspirado nas experiências pessoais de Holofcener e em cenas do cotidiano de amigos da diretora, "Please Give" conta a história de três personagens: Kate (Catherine Keener) e as irmãs Mary (Amanda Peet) e Rebecca (Rebecca Hall). Kate trabalha com o marido em um negócio de móveis usados e raros, comprados geralmente a preço de banana em liquidações de inventários. Rebecca cuida da avó nonagenária e administra a irmã mais velha, que trabalha em uma clínica de beleza e tem uma queda inacreditável para a futilidade.

Kate é vizinha da avó de Rebecca, em cujo apartamento ela passa a maior parte do tempo. "Filmamos no prédio de uma amiga minha", disse Holfcener. "Ela havia comprado o apartamento da vizinha e ficara amiga dela, quase como acontece no filme com Kate e a avó de Rebecca. Foi uma das histórias que conheço e que me inspirou a escrever esse roteiro."

O filme se movimenta principalmente em torno de Kate e de seu inconformismo com os abismos sociais, as questões éticas de seu negócio e a necessidade de educar adequadamente a filha adolescente. Sobre sua personagem e as ambiguidades que expõe, Catherine Keener disse que parecem ser plausíveis. "Eu sou uma pessoa como ela, todas nós somos", falou ela, ao ser questionada se a achava "boa pessoa". "E, claro, é uma pessoa boa. Os padrões não são muito elevados para avaliar se uma pessoa e boa ou não. Ela é humana."

Quando um dos jornalistas perguntou como havia sido a relação entre a diretora e as atrizes durante as filmagens, Holofcener logo partiu para a brincadeira: "Tinha que mantê-las separadas, porque elas se pegavam a tapa e puxões de cabelo, e em roupas de baixo". Keener, amiga da diretora de longa data, com quem fez quatro filmes até hoje, quebrou o estranhamento: "Foi uma relação ótima desde que nos conhecemos, de paixão à primeira vista".

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