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17/02/2010 - 16h25

Na reta final de Berlim, imprensa especula sobre decisões de Werner Herzog e o júri

ALESSANDRO GIANNINI
Enviado especial a Berlim
  • Divulgação

    Kim Cattrall e Ewan McGregor em cena de ''The Ghost Writer", de Roman Polanski

Com o 60o. Festival de Berlim na segunda metade de sua duração, é possível fazer algumas conjecturas e previsões tomando como base a recepção dos filmes pelos jornalistas e as bolsas de apostas das revistas especializadas. "The Ghost Writer" e o romeno "If I Want to Wistle I Wistle" foram os títulos que mais chamaram a atenção da imprensa.

O primeiro, de Roman Polanski, por mostrar o cineasta nascido na Polônia, que continua em prisão domiciliar na sua casa em Zurique, de volta à boa forma, no terreno do suspense. O segundo por revelar mais um talento do cinema romeno, o diretor Florin Serban, com uma história forte e muito bem narrada sobre uma geração de jovens romenos que cresceu abandonada pelos pais.

A imprensa pode ter gostado de ambos os filmes, mas o presidente do júri, o alemão Werner Herzog, e o corpo de jurados comandado por ele também precisa gostar. Especula-se entre os jornalistas que Herzog não deixará o filme de Polanski sem um prêmio, já que a situação em que se encontra atualmente e sua ausência em Potsdamer Platz atraiu muita atenção para o festival.

Em um segundo grupo, que corre bem próximo do primeiro pelotão na preferência da imprensa, estão o filme de abertura, o chinês "Apart Together; o dinamarquês "Submarino", de Thomas Vinterberg, e o turco "Honey", de Semih Kaplanoglu. São filmes de perfis muito diferentes, mas que guardam algumas semelhanças entre si: ótimas interpretações masculinas, personagens infantis muito fortes e diretores muito seguros.

O terceiro pelotão traz os títulos americanos "Howl", com James Franco, e "Greenberg", com Ben Stiller, além da comédia norueguesa "A Somewhat Gentleman", de Hans Peter Molland, e o drama iraniano "The Hunter", de Rafi Pitts. Desse grupo, o único que parece dialogar com a estética do próprio Herzog é o trabalho de Pitts, cineasta iraniano que vive entre Teerã e Londres, por reproduzir de forma bem cifrada e com um subtexto político a guerra de um homem só contra o sistema.

Na lanterna, aparecem a co-produção alemã e austríaca "The Robber", de Benjamim Heisenberg; a refilmagem chinesa "A Woman, a Gun and a Noodleshop", de Zhang Yimou, e o drama de guerra japonês "Caterpillar", de Koji Wakamatsu, único a levar uma "bola preta" no quadro de apostas da revista "Screen International", concedida pelo crítico inglês Nick James, da revista mensal "Sight and Sound".

A despeito da preferência da imprensa, está claro que Herzog e o resto do júri não devem tomar decisões previsíveis. Há inclusive quem aposte em prêmios grandes para "Caterpillar", que acompanha o amargo regresso de um soldado japonês para casa, no fim da 2a. Guerra Mundial. Sem as pernas, os braços, com o resto do corpo parcialmente queimado e com os sentidos básicos afetados, ele passa a depender inteiramente da mulher, a quem assediava moralmente e sexualmente. É o tipo de alegoria ousada que se encaixa perfeitamente no tipo de cinema de que o alemão parece gostar.

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