As diretoras Nicole Holofcener e Lisa Cholodenko participam do 60º Festival de Berlim
Com tantos filmes americanos independentes na mostra competitiva do 60o. Festival de Berlim, tanto em competição quanto fora da concorrência aos Ursos, é natural que o assunto Oscar acabe vindo à tona. Nas entrevistas que deram aos jornalistas estrangeiros, Nicole Holofcener ("Please Give") e Lisa Cholodenko ("The Kids Are All Right") foram questionadas sobre a premiação e o que os resultados podem significar para os indies como elas. E ambas demonstraram grande decepção com os possíveis cenários. Ambas foram lançadas pelo Festival de Sundance e tiveram seus filmes exibidos lá em janeiro.
Holofcener lamentou certas idiossincrasias do cinema americano, como por exemplo a dificuldade de conseguir financiamento sem a escalação de "caras conhecidas" no elenco. A diretora novaiorquina foi além ao dizer que, apesar disso tudo, não consegue entender como alguns "independentes" que se adequam a essas exigências conseguem indicação ao Oscar de melhor filme. "E podem até ganhar!", completou. Mas evitou causar polêmica quando quastionada se o tal filme era em 3D ou 2D. "Não vi 'Avatar', mas quero muito assistir quando voltar para casa."
Cholodenko partiu do mesmo raciocínio que a colega americana, sob um prisma muito diferente. A diretora, que vive com uma parceira em Los Angeles, disse ter tido muita dificuldade de conseguir financiamento para "The Kids Are All Right" e acabou partindo para uma espécie de "guerrilha" à moda americana, reunindo colaboradores e conseguindo dinheiro com amigos que trabalham na indústria. "O bonito é que quando chegamos aqui, todos os financiadores ficam interessados", disse ela. "Mas aí é muito tarde."
Mais otimista, Cholodenko disse que, com a ascenção de mulheres a posições mais estratégicas nos estúdios americanos e o sucesso de diretoras como Kathryn Bigelow, é possível que o cenário melhore. "Se ela ganhar o Oscar de melhor filme certamente haverá uma boa repercussão nesse sentido", disse ela. E se James Cameron ganhar com Avatar, ela estaria disposta a encarar um filme de grande orçamento para ser lançado em 3D? "Não, acho que não", respondeu ela. "Eu gosto mais desse tipo de cinema mais narrativo, que dizem muito sobre quem sou e de onde venho."