Exibido na manhã desta sexta (19), "A Family", da dinamarquesa Pernille Fischer Christensen, ganhou o Prêmio da Crítica para a mostra competitiva do 60o. Festival de Berlim, concedido pela Féderation Internationale de la Presse Cinématographique (Fipresci). O júri, formado por nove críticos de vários países, premia também os filmes das mostras paralelas Panorama ("Parade", do diretor japonês Isao Yukisada) e Fórum ("El Vuelco de Carangrejo", do colombiano Oscar Ruíz Navia).

No ano passado, o ganhador do Prêmio da Crítica, o filme peruano "A Teta Assustada", de Claudia Llosa, também levou o Urso de Ouro, o que aumentou as especulações de que o título da diretora dinamarquesa pode ser um candidato forte ao prêmio máximo este ano. Outro indício forte de que o drama familiar pode estar entre os principais premiados está na programação dele para o fim do certame, o que aponta para uma aposta dos organizadores do festival. Resta saber se Werner Herzog e o restante dos jurados concordarão.

Pernille Christensen fez parte da longa linhagem de diretores dinamarqueses que teve a carreira influenciada pelo Dogma 95, manifesto cinematográfico fundado por Lars von Trier e Thomas Vinterberg, este último também em competição na Berlinale com "Submarino". Pernille tem ótimo "pedigree": no Festival de Berlim de 2006, ganhou o Urso de Prata - equivalente ao Grande Prêmio do Júri - e o prêmio de melhor filme de diretor estreante com "A Soup".

Em "A Family", a diretora conta a história do ocaso de uma tradicional família de padeiros dinamarqueses. Não é uma família qualquer, nem uma padaria qualquer. São os fornecedores da casa real da Dinamarca, uma honraria que muito orgulha o patriarca, Richard (Jesper Christensen). Com câncer e uma metástase que levou a doença para o cérebro, ele aguarda pelo destino enquanto tenta convencer a filha mais velha, Ditte (Lene Maria Christensen), a abandonar a carreira de galerista e assumir o comando dos negócios.

Na entrevista coletiva que se seguiu à sessão do filme, Pernille disse que um de seus objetivos com "A Family" nasceu da necessidade de mostrar a importância e o fardo de uma família e também de expor o ciclo natural da nossa existência dentro delas. "Morte e vida estão muito próximas, têm o mesmo peso", disse ela, que expõe a longa agonia do patriarca do filme sob o ponto de vista da filha mais velha, que acaba de abortar para aceitar uma oferta de emprego em Nova York.

O ator que faz o papel de Richard, Jesper Christensen, é mais conhecido como um dos vilões dos filmes de James Bond, "Casino Royale" (2006) e "Quantum of Solace" (2008). Mas ele não fez questão de se gabar do título. "Eu passei ao todo 11 dias nos sets de filmagem dos filmes de Bond", disse ele, quando questionado sobre a importância de seus papéis nos filmes do agente secreto inglês. "Passei muito mais tempo nos set de Pernilla, o que não faz de mim um típico ator dos filmes de James Bond. Acho que temos muito mais a mostrar aqui." Com isso e sua atuação em "A Family", Jesper tem grandes chances de sair da Berlilane com o prêmio de ator.

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