A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional (AI) premiou neste sábado na Berlinale o documentário "Lixo Extraordinário" ("Waste land"), dirigido pela britânica Lucy Walker e os brasileiros João Jardim e Karen Harley, sobre os artistas que utilizam material reciclado de Jardim Gramacho, o maior aterro sanitário do mundo, perto do Rio de Janeiro.
Filmado ao longo de três anos, "Lixo Extraordinário" acompanha o famos artista plástico brasileiro Vik Muniz, nascido em 1961, em sua viagem do Brooklyn (EUA), onde vive, até Jardim Gramacho.
Vik Muniz fotografou no local um grupo de catadores. O objetivo inicial era pintar retratos dos catadores com lixo, mas o trabalho do artista com eles, longe de Jardim Gramacho, revela a dignidade e desesperança destas pessoas.
"Waste land desafia nossos preconceitos e ideias preconcebidas sobre pessoas que vivem nos extremos da sociedade. Retrata os protagonistas como pessoas com dignidade e abre o coração do espectador para a possibilidade de uma transformação através da coragem e da criatividade", destacou a AI ao conceder o prêmio de 5.000 euros.
"Quando conheci o trabalho de Vik Muniz, fiquei fascinada. Ele já havia feito uma série de obras maravilhosas usando lixo. O uso de materiais usados é algo que o distingue. Quando começamos a conversar, soube que uma colaboração entre Vik e os catadores seria potencialmente muito dramática", declarou Lucy Walker.
Entre 3.000 e 5.000 pessoas vivem perto do aterro e outras 15.000 subsistem do que retiram de Jardim Gramacho.
"Estas pessoas estão no outro extremo da cultura de consumo. Pensava que encontraria pessoas derrotadas e destruidas, mas eles são sobreviventes", destaca Muniz.