Por James Mackenzie
PARIS - Isabelle Adjani faz o papel de uma professora que luta para controlar uma classe de adolescentes rebeldes num novo filme que está sendo exibido no Festival de Cinema de Berlim, levando uma das mais famosas beldades do cinema francês para uma escola decrépita.
"La journee de la jupe" ("Dia da Saia") trata das tensões envolvendo imigração, educação e raça que assombram a França desde os tumultos de 2005 que explodiram à sombra dos conjuntos habitacionais cinzentos que cercam muitas cidades francesas.
"Aceitei o papel imediatamente", disse em entrevista à Reuters a atriz, cujo pai era argelino e que já falou muitas vezes em público sobre questões como a imigração.
Os alunos, em sua maioria filhos de imigrantes árabes ou negros, tratam a desajeitada professora Sonia (Adjani) com desprezo e insolência, xingam uns aos outros e ignoram as tentativas da professora de lhes ensinar sobre Molière.
A assediada e mal-vestida Sonia, muito diferente da Isabelle Adjani etérea vista em filmes como "Camille Claudel" ou "A Rainha Margot", é atormentada pelos alunos adolescentes, mas acaba xingando-os de volta.
"Fiquei espantada com sua audácia politicamente incorreta", disse Adjani, falando do roteiro que o diretor Jean-Paul Lilienfeld lhe mandou e da imagem central da saia como símbolo da liberdade da mulher de vestir o que quiser, livre de agressões ou ameaças. "Achei a história ultrajante, de certo modo, muito ousada e original."
O drama principal acontece quando uma arma é encontrada na mochila de um aluno, um tiro é disparado acidentalmente, e Sonia se descontrola, fazendo seus alunos de reféns. Segue-se um debate acalorado sobre raça, religião e os abusos cometidos contra as mulheres.
O filme foi feito com orçamento pequeno e destinava-se originalmente para a televisão, até que as reações iniciais favoráveis ajudaram a levá-lo a ser lançado nos cinemas, e Adjani disse que as filmagens foram diretas e rápidas.
Questões semelhantes estiveram à base do filme "
Entre os Muros da Escola" (2008), de Laurent Cantet, que recebeu a Palma de Ouro em Cannes no ano passado e agora é candidato a um Oscar. Mas o tom de "La journee de la jupe" é mais sombrio e brutal.