BERLIM - A grande festa do cinema internacional em Berlim, que começa nesta quinta-feira, atraiu inúmeros apaixonados pela sétima arte, que viraram a noite na fila para comprar entradas para os filmes que serão exibidos no evento.
A fila é ecumênia, há de alemães a ingleses, russos e japoneses ávidos por ver suas produções favoritas, a poucos metros do Potsdamer Platz, onde se hospedam estrelas como Kate Winslet e Michelle Pfeiffer, duas das muitas atrações da Berlinale.
Além de Winslet e Pfeiffer, o ator mexicano Gael García Bernal, o cineasta britânico Stephen Frears e o diretor brasileiro José Padilha, no ano passado foi premiado com o filme "Tropa de Elite", são outros convidados do evento.
A Berlinale será inaugurada com "Trama international", de Tom Twyker, filme de espionagem sobre o lado escuro do mundo das finanças internacionais, cujo elenco conta com nomes de peso como Clive Owen e Naomi Watts.
O diretor do festival, Dieter Kosslick, disse que escolher a produção para abrir o festival foi "uma espécie de premonição".
"Selecionamos o filme de abertura há vários meses, e o que na época era uma ficção se tornou praticamente um documentário" sobre a crise financeira, comentou, em uma entrevista coletiva.
Como normalmente acontece na Berlinale, muitos dos filmes apresentados na mostra competitiva e nas sessões paralelas abordam temas políticos ou ligados à atualidade, como a imigração ilegal, a fome e a crise - que é o caso de "The international".
Entre os grandes cineastas concorrendo a prêmios em Berlim estarão Stephen Frears, com "Cheri", adaptação do romance homÇonimo da escritora francesa Colette, e o polonês Andrzej Wadja, com "Tatarak" (Sweet rush).
Além destes, foram indicados "Rage", da britânica Sally Potter, e "Mammoth", do sueco Lukas Moodysson, com o ator mexicano Gael García Bernal.
A Berlinale apresentará também vários documentários, entre eles "Food, inc", do americano Robert Kenner, sobre os métodos da indústria agroalimentícia, e "Terra Madre", do italiano Ermanno Olmi, sobre o movimento alternativo "eco-gastronômico".
Além disso, Berlim celebrará os 20 anos da queda do Muro, em novembro, com uma retrospectiva dedicada ao cinema dos países comunistas no final da Guerra Fria e uma série de curta-metragens sobre a Alemanha de 2009, realizados por figuras do cinema nacional como Fatih Akin ("Do outro lado") e Wolfgang Becker ("Adeus, Lenin").
O júri será presidido este ano pela atriz escocesa Tilda Swinton, ganhadora de um Oscar em 2008. Os outros jurados são a espanhola Isabel Coixet, o burquinense Gaston Kaboré, o sueco Henning Mankell, o alemão Christoph Schlingensief e os americanos Wayne Wang e Alice Waters.
O grande vencedor do Urso de Ouro de Melhor Filme será escolhido no dia 14 de fevereiro entre as 18 produções indicadas.
O cineasta português Manoel de Oliveira vai ser agraciado, a 10 de Fevereiro, com a "Berlinale Kamera" do Festival Internacional de Cinema de Berlim, galardão que distingue personalidades ou instituições estreitamente ligadas ao certame.
Claude Chabrol, que há 50 anos ganhou o Urso de Ouro do festival de Berlim, será também distinguido com uma Berlinale Kamera, por ocasião da exibição de "Bellamy" também na seção Berlinale Special, a 08 de Fevereiro.
O mesmo prêmio será também entregue a 09 de Fevereiro a Guenter Rohrbach, um dos produtores de cinema e televisão mais famosos da Alemanha, por ocasião da exibição de "Effi Briest", um filme em sua homenagem, realizado por Hermine Huntgeburth.