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08/02/2009 - 18h13

Diário de Berlim: Veterano cineasta francês, Claude Chabrol ganha homenagem

ALESSANDRO GIANNINI
Enviado especial a Berlim
  • Claude Chabrol, que foi homenageado hoje em Berlim com a Berlinale Kamera pelo conjunto da obra, deu um show de vitalidade na entrevista coletiva que concedeu no sábado, após a sessão de seu novo filme, "Bellamy", com Gerard Depardieu no papel principal. "Foi a primeira vez na minha carreira que eu escrevi um roteiro pensando especificamente em um ator, Gerard", disse ele. No filme, Depardieu faz o papel de um investigador, Paul Bellamy, que vai passar férias com a família na praia, mas acaba enredado por duas visitas inesperadas: o irmão mais novo e um misterioso homem em fuga.

    Chabrol tem ligações estreitas com o festival. Em 1959, seu primeiro filme, "Os Primos", foi premiado com o Urso de Ouro. "Na época, Robert Aldrich, que era o produtor, disse que eu poderia fazer o que quisesse com o Urso", contou ele. "E eu, que estava rodando meu segundo filme, nem sabia o que aquilo significava." O veterano cineasta também comentou a consistência de sua produção, que chega a um filme por ano quase, quando muitos jovens cineastas reclamam que só conseguem realizar um projeto a cada cinco anos. "Eu prefiro um filme pequeno bem feito a uma dessas produções multimilionárias", disse ele, em resposta ao UOL Cinema. "O Festival de Cannes, por exemplo, privilegia esses grandes filmes quando deveria dar mais valor ao verdadeiro cinema."

  • "Rage", da inglesa Sally Potter ("Orlando"), está na categoria dos filmes experimentais, que também tem seu nicho garantido aqui em Berlim. Com elenco multiestelar, que inclui, entre outros, Judi Dench, Dianne Wiest e Steve Buscemi, conta a história de uma série de assassinatos das modelos de uma famosa grife a partir dos depoimentos dados a um jovem com uma câmera. Apelidado apenas Michelangelo, ele grava as falas de pessoas ligadas à grife sob um fundo azul e apenas muda a cor do fundo através de um efeito de computador. É um "tour de force" que muitos dos espectadores da sessão noturna de sábado não conseguiram suportar. "Eu queria contar uma história que fizesse sentido para o espectador a partir da expressão dos atores", disse ela, ao responder por que decidiu fazer o filme nesse formato. "Minha intenção era fazer com que a narrativa ganhasse sentido na cabeça do espectador a partir da interpretação dos atores e de pistas na trilha sonora." Dito dessa maneira, parece revolucionário, mas está longe disso.
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