Diário de Berlim: Veterano cineasta francês, Claude Chabrol ganha homenagem
ALESSANDRO GIANNINI Enviado especial a Berlim
Claude Chabrol, que foi homenageado hoje em Berlim com a Berlinale Kamera pelo conjunto da obra, deu um show de vitalidade na entrevista coletiva que concedeu no sábado, após a sessão de seu novo filme, "Bellamy", com Gerard Depardieu no papel principal. "Foi a primeira vez na minha carreira que eu escrevi um roteiro pensando especificamente em um ator, Gerard", disse ele. No filme, Depardieu faz o papel de um investigador, Paul Bellamy, que vai passar férias com a família na praia, mas acaba enredado por duas visitas inesperadas: o irmão mais novo e um misterioso homem em fuga.
Chabrol tem ligações estreitas com o festival. Em 1959, seu primeiro filme, "Os Primos", foi premiado com o Urso de Ouro. "Na época, Robert Aldrich, que era o produtor, disse que eu poderia fazer o que quisesse com o Urso", contou ele. "E eu, que estava rodando meu segundo filme, nem sabia o que aquilo significava." O veterano cineasta também comentou a consistência de sua produção, que chega a um filme por ano quase, quando muitos jovens cineastas reclamam que só conseguem realizar um projeto a cada cinco anos. "Eu prefiro um filme pequeno bem feito a uma dessas produções multimilionárias", disse ele, em resposta ao UOL Cinema. "O Festival de Cannes, por exemplo, privilegia esses grandes filmes quando deveria dar mais valor ao verdadeiro cinema."
"Rage", da inglesa Sally Potter ("Orlando"), está na categoria dos filmes experimentais, que também tem seu nicho garantido aqui em Berlim. Com elenco multiestelar, que inclui, entre outros, Judi Dench, Dianne Wiest e Steve Buscemi, conta a história de uma série de assassinatos das modelos de uma famosa grife a partir dos depoimentos dados a um jovem com uma câmera. Apelidado apenas Michelangelo, ele grava as falas de pessoas ligadas à grife sob um fundo azul e apenas muda a cor do fundo através de um efeito de computador. É um "tour de force" que muitos dos espectadores da sessão noturna de sábado não conseguiram suportar. "Eu queria contar uma história que fizesse sentido para o espectador a partir da expressão dos atores", disse ela, ao responder por que decidiu fazer o filme nesse formato. "Minha intenção era fazer com que a narrativa ganhasse sentido na cabeça do espectador a partir da interpretação dos atores e de pistas na trilha sonora." Dito dessa maneira, parece revolucionário, mas está longe disso.