Por Erik Kirschbaum
BERLIM - A indústria alimentícia é um dos temas mais criticados no Festival de Berlim deste ano.
Demonstrando seu desgosto pela fast food antes da exibição de "Food, Inc.", o diretor do festival, Dieter Kosslick, decidiu incluir dois documentários antiagribusiness no festival deste ano. A estratégia parece ter conquistado o público.
"Sou membro da Slow Food há muito, muito tempo", disse Kosslick para uma platéia de 1.500 pessoas, referindo-se ao movimento global que busca conter o avanço da fast food.
"Quando eu vi este filme, fiquei tão chocado que disse 'ele tem de estar em Berlim'", afirmou Kosslick, que antes do festival disse a um comitê parlamentar que "Food, Inc" era um dos filmes mais importantes do festival.
O outro documentário, "Terra Madre", feito pela Slow Food International, é sobre um encontro de 5.000 produtores de alimentos orgânicos do mundo todo, em Turim.
"Food, Inc.", do cineasta norte-americano Robert Kenner, é uma exposição severa do agribusiness.
O filme apresenta as visões de fazendeiros, consumidores e parlamentares, contrastando as imagens corporativas de celeiros vermelhos e cercas brancas com as fábricas de insumos agrícolas e enormes campos de processamento.
Kenner disse que tentou, mas não conseguiu fazer com que as próprias fábricas -- como a Monsanto, Smithfield Food e Tyson Foods -- se pronunciassem no filme.
"Esperávamos dialogar com estas empresas sobre os desafios de nos alimentar", disse Kenner à platéia. "Nós entramos em contato com elas. Elas pareceram interessadas, mas, no fim, todas disseram não, que não queriam se envolver."