Por Mike Collett-White
BERLIM (Reuters) - Em um filme comovente baseado nos atentados suicidas de 2005 em Londres, uma amizade improvável surge entre uma mulher branca, preconceituosa e reclusa de Guernsey, no Reino Unido, e um africano que chega à cidade vindo da França.
Em "London River", o contraste físico entre a sra. Sommers, representada pela atriz britânica Brenda Blethyn, e Ousmane, encarnado pelo malinês Sotigui Kouyate, causa impacto. Eles falam línguas diferentes. Ela é cristã, ele é muçulmano.
Mas, graças à busca comum por seus filhos, que desapareceram após os ataques de 7 de julho de 2005, os dois acabam se aproximando e percebem que têm muito mais em comum do que jamais poderiam ter imaginado.
Ambos procuraram desesperadamente notícias de seus entes queridos. Os filhos de ambos não conheceram seus pais: Ousmane deixou a família quando seu filho tinha 6 anos, e o marido de Sommers era um oficial da Marinha que morreu na guerra das Malvinas, em 1982.
Dirigido pelo francês-argelino Rachid Bouchareb, "London River" é um retrato do sofrimento humano provocado pela violência, mostrando como isso é comum a pessoas de todas as origens.
O filme fez sua estréia no Festival de Cinema de Berlim na terça-feira e foi calorosamente aplaudido por jornalistas e críticos. Brenda Blethyn já é aventada como candidata ao prêmio de melhor atriz, que será entregue no encerramento do festival, em 14 de fevereiro.
Sua personagem, a sra. Sommers, sai da fazenda isolada onde vive e vai às ruas agitadas de Londres à procura de sua filha, Jane, surpreendendo-se com a diversidade étnica do bairro em que esta vivia.
Quando conhece Ousmane, com quem conversa em francês ao longo da história, ela inicialmente fica reticente, mas ao descobrir que eles têm algo em comum, suas idéias pré-concebidas caem por terra.
"O filme é ousado. Trata da questão do preconceito", disse Blethyn em coletiva de imprensa em Berlim. "Tenho orgulho deste filme."