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12/02/2009 - 17h28

Irène Jacob e Willem Dafoe estão em saga do grego Theo Angelopoulos

ALESSANDRO GIANNINI
Enviado especial a Berlim
Ao longo da Berlinale, algumas das principais atrações da mostra competitiva são justamente os filmes "fora de competição", que fazem parte da principal seleção do certame por uma deferência ou homenagem dos organizadores. No oitavo dia do festival, reta final da disputa, foi o caso de "The Dust of Time", do diretor grego Theo Angelopoulos, segunda parte de uma trilogia sobre momentos essenciais da história e como eles nos afetam nos dias de hoje. A primeira parte é "A Terra Que Chora" (2004), exibida na Mostra de São Paulo. A terceira parte, segundo o diretor, será chamada "Tomorrow" e será um "filme futurista".

AFP
Da esq. para a dir.: Willem Dafoe, Christiane Paul, Theo Angelopoulos, Irene Jacob e Bruno Ganz na coletiva do filme "The Dust of Time"
MAIS FOTOS DO OITAVO DIA DO FESTIVAL

Angelopoulos está entre os diretores preferidos dos cinéfilos engajados e freqüentadores do Festival do Rio e da Mostra de São Paulo. Presença constante nos principais festivais europeus, já venceu o de Veneza, com "Megalexandros" (1980) e o de Cannes, com "Eternidade e Um Dia" (1998). Em Berlim, conquistou apenas o Urso de Prata, uma espécie de segundo lugar honroso, com o ótimo "Paisagem na Neblina" (1988) - filme que projetou sua fama no mundo.

O cineasta grego define o filme como uma "história de amor que começa em 1953, na antiga União Soviética, e percorre o mundo e o grande reino da história até o dia de hoje". Willem Dafoe é o diretor americano de origem grega que volta ao estúdio número 5 de Cinecittá, uma homenagem a Federico Fellini, para retomar a rodagem de um filme que havia interrompido. É a história do amor da mãe do cineasta por dois homens que ela amou e que a amaram.

A francesa Irène Jacob interpreta Eleni, personagem que faz referência à mítica Helena. Michel Piccoli é Spiros, marido dela. O casal também está em "A Terra Que Chora" (2004), primeira parte da trilogia. O alemão Bruno Ganz faz o papel de Jacob, terceira ponta do triângulo amoroso. Eles se perdem e reencontram em várias partes do mundo, sempre envolvidos ou atraídos por grandes eventos históricos, como o Gulag soviético, a queda do Muro de Berlim e a guerra no Cazaquistão.

O tempo é quase uma abstração, como também é a divisão entre o real e o imaginário. "Goston dessa abordagem Não realista do filme", disse a atriz francesa, que vai dos 20 e poucos anos até os 80 apenas embranquecendo o cabelo. "Você viaja no tempo sem limites para poder contar uma história a partir da relação de uma mulher com dois homens. Por alguma razão, ela é mais feliz aos 80 anos."

A grandiloqüência está entre as característica do discurso escrito e cinematográfico de Angelopoulos. Planos muito estudados, travelings e zooms lentos, diálogos que parecem grandes discursos. São comentários inteligentes e enriquecedores sobre a história recente da humanidade, como a seqüência em que os personagens passam por uma checagem de raio-x que lhes desnuda - referência à paranóia recente nos aeroportos internacionais propagada pelos americanos. Mas nem sempre o resultado é satisfatório. Aqui, por exemplo, a confusão entre o realismo e o sonho acaba prejudicando o entendimento da "grande fotografia".

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