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13/02/2009 - 18h07

Em Berlim, "Double Take" ressuscita Hitchcock para falar do medo

ALESSANDRO GIANNINI
Enviado especial a Berlim
Em festivais como o de Berlim, a mostra competitiva ganha destaque por concentrar as principais atrações da seleção oficial. O boca-a-boca se encarrega de trazer à tona algumas pérolas escondidas nas seções paralelas. Um dos filmes mais comentados neste fim de Berlinale foi um título do Fórum Expanded, "Double Take", de Johan Grimonprez.

Divulgação
Cena do filme "Double Take"
VEJA IMAGENS DO NONO DIA DO FESTIVAL


A partir de um argumento de Tom McCarthy, Grimonprez cria uma narrativa que supera qualquer possibilidade de definição de linguagem ou gênero. "Double Take" usa imagens dos programas de televisão que Alfred Hitchcock apresentou nos anos 60, de trechos de seus filmes da época - notadamente "Os Pássaros", "Topázio", "Intriga Internacional" e "Psicose" - e excertos de noticiários que relataram a escalada da Guerra Fria para montar um comentário sobre o uso do medo pelos governos como ferramenta de manipulação das populações.

Essas imagens são intercaladas por cenas ficcionais em que um famoso sósia de Alfred Hitchcock, Ron Burrage, comenta não só sua relação com o "mestre do suspense" como também assume a persona do cineasta para falar sobre o "duplo". "Burrage trabalhou no famoso hotel Savoy, que o próprio Hitchcock e alguns de seus atores preferidos, como Cary Grant e James Mason, frequentavam", contou Grimonprez ao final da sessão de "Double Take", na sexta (13).

Segundo dizia Hitchcock, sempre em tom jocoso e dúbio: "Se encontrar seu duplo, você deve matá-lo". Esse é o ponto de partida para Grimonprez fazer uma longa digressão sobre a escalada do medo como ferramenta de manipulação de governos de todas as tendências, a partir da relação entre a antiga União Soviética de Kruschev e os Estados Unidos de Nixon até os dias de hoje.

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