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12/02/2010 - 17h07

Com filme-novela, Bollywood coloca Tom Cruise indiano na competição.

ALESSANDRO GIANNINI
Enviado especial a Berlim
  • Getty Images

    O ator Shah Rukh Khan, a atriz Kajol Devgan e o diretor Karan Johar posam para foto em pré-estreia de "My Name Is Khan", no 60º Festival de Berlim

Bollywood é tão cultuado quanto Hollywood no circuito dos festivais, em especial no Festival de Berlim. Isso explica a seleção, na condição especialíssima de "hors concours", de "My Name Is Khan" para a mostra competitiva. E isso explica também por que alguns filmes são convidados a integrar a seleção principal do festival sem concorrer ao Urso de Ouro.

Com Shah Rukh Khan, uma espécie de Tom Cruise indiano, e Kajol Devgan, o equivalente a uma Julia Roberts indiana, como par romântico, o filme acompanha a epopéia de um jovem que sofre de uma forma leve de autismo desde sua infância na Índia, ao lado da mãe e do irmão mais novo, até sua chegada nos Estados Unidos. Interpretado por Khan, o personagem supera todas as dificuldades, conhece o amor de sua vida, se casa e, por uma tragédia do destino, perde o enteado.

"My Name Is Khan" tem três horas de duração e difere do habitual filme de Bollywood apenas pela ausência de números musicais explícitos pontuando a narração. Passa por todos os tipos de questionamentos e temas, desde a força do amor na superação das dificuldades até o ódio racial produzido no coração dos Estados Unidos após os ataques de 11 de setembro, passando pela aceitação das diferenças e pelo poder da solidariedade. Nem George Bush e Barak Obama fugiram às lentes do filme. É uma salada pouco harmoniosa que faria inveja a Glória Perez e sua novela "O Caminho das índias".

Sha Rukh Khan e Kajol Devgan estiveram em Berlim nesta sexta (12) e falaram sobre a oportunidade de contracenarem novamente depois de muitos anos sem fazerem um filme juntos. Khan também falou sobre um dos temas do filme: adaptar-se aos novos tempos. "Nunca fui preso, mas sei que quando viajo vou ser um pouco mais vigiado, apalpado e ficarei mais tempo na imigração", disse ele, num tom muito mais conformista que seu personagem. "Sei que é assim e não me ofendo, esse é o mundo em que construímos e ao qual temos que nos adaptar, infelizmente."

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