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23/09/2010 - 00h01

"O Marcelo de Wagner Moura é apenas uma pessoa em busca de sua identidade", diz diretor de "VIPs"

ALESSANDRO GIANNINI
Editor de UOL Cinema
  • Toniko Melo roda cena de VIPs, com Wagner Moura

    Toniko Melo roda cena de "VIPs", com Wagner Moura

Na segunda-feira (20), quando falou com a reportagem do UOL Cinema, Toniko Melo ainda não havia assistido à cópia final de "VIPs", comédia que marca sua estreia no cinema como diretor de longa-metragem. "Estou rezando para estar tudo bem", disse ele, por telefone, da sala de um conhecido laboratório no centro de São Paulo. "É a primeira vez que vamos assistir com a imagem e o som finais. Tem que estar perfeito, porque estreia no Festival do Rio no domingo (26)."

ASSISTA AO TEASER-TRAILER INÉDITO DO FILME "VIPS"

Com Wagner Moura no papel principal, o filme acompanha a trajetória de um golpista que, impulsionado pelo sonho de voar, se faz passar por várias pessoas para conseguir o que quer. É livremente inspirado na história de Marcelo Nascimento da Rocha, que fingia ser filho do dono da empresa de aviação Gol Linhas Aéreas e recentemente comandou o sequestro de um avião da penitenciária onde está preso.

"Faz tempo que eu queria fazer um longa, muito por conta do tipo de filme publicitário que fazia", disse ele, que durante oito anos dirigiu os comerciais de uma grande empresa de eletrodomésticos, sempre apoiados em situações de muito humor. "Não tinha vontade de fazer um drama ou uma coisa mais pesada."

  • Divulgação

    Os atores Arieta Corrêa e Wagner Moura contracenam no filme "VIPs", de Toniko Melo

As primeiras inspirações surgiram na Europa. Primeiro, quando Melo assistiu a "The Informer" (1932), um raro filme de John Ford sobre a traição de um revolucionário, que entrega o camarada em troca de dinheiro para não morrer de fome. Depois, quando leu uma citação na rua, na forma de uma pichação, que depois ele descobriu ser de autoria de Carl G. Jung. "Era algo como: 'O que fazemos de forma não consciente surge depois como destino", disse o cineasta.

O que mais causou impacto em Melo, no entanto, foi a história que lhe apresentou a roteirista Mariana Caltabiano algum tempo depois. "Ela me mostrou a reportagem em que o Amaury Jr. contava a história de como ele tinha sido enganado pelo Marcelo Nascimento da Rocha", disse ele. "E aquilo me chamou muito a atenção, porque esse cara era muito melhor que o 'cagueta' do filme do Ford."

Mas o Marcelo de Wagner Moura, que muda o visual pelo menos seis vezes ao longo do filme para se disfarçar, é um cruzamento da realidade com a ficção. "O nosso Marcelo não é um psicopata, frio e sem emoções, que não sente nada ao enganar as pessoas", explica Melo. "É apenas uma pessoa em busca de sua identidade."

"VIPs" seria a primeira parte de uma trilogia sobre a identidade, tema de eleição do cineasta desde que foi inspirado por Ford e Jung. "Esse primeiro filme seria sobre a identidade masculina", explica ele. O segundo, que será baseado no livro "A Chave da Casa", de Tatiana Salem Levy, falará sobre a identidade feminina. E, para fechar o projeto, o diretor pretende trabalhar sobre "Menecma" (1992), texto para o teatro escrito por Bráulio Mantovani, que assina o roteiro de "VIPs" em parceria com Thiago Dottori. "Esse é uma reflexão pura sobre a identidade em si", concluiu.


EXIBIÇÕES DO FILME "VIPS", de Toniko Melo. Brasil, 2010. 96min

Première Brasil em competição - longa ficção - 14 anos

DOM (26/9) - 22:00 - Odeon Petrobras (convidados)

SEG (27/9) - 15:00 - Pavilhão do Festival (sessão popular + debate)

TER (28/9) - 17:50 - Est Vivo Gávea 3

TER (28/9) 22:10 Est Vivo Gávea 3

Confira a programação no site oficial

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