Festival do Rio

26/09/2010 - 10h54

Em sua segunda noite, Première Brasil exibe filmes sem verbas de lei de incentivo

EDU FERNANDES
Colaboração para o UOL

"Diário de uma Busca" usa cartas, textos e imagens de arquivo para contar a história de Celso Castro

Normalmente filmes nacionais são financiados por renúncia fiscal, por isso que todos aqueles logos de agência de governo aparecem antes dos créditos. Nessa edição do Festival do Rio tal prática está longe de ser unanimidade, com algumas produções que acharam outros meios de conseguir fundos para seus orçamentos exibidas na Première Brasil.

"Diário de uma Busca" foi buscar dinheiro em outro país. "Vencemos dois pequenos editais franceses e nenhum edital brasileiro", explicou a diretora Flávia Castro durante a apresentação de seu documentário no Cine Odeon. A cineasta ainda espera contar com verbas de editais nacionais do quais participa para pagar as dívidas que ficaram da produção.

Como já fez Marina Person ("Person") e Tatiana Issa ("Dzi Croquettes"), Flávia usa seu filme para descobrir algo de si mesmo e da relação com seu finado pai. Com um cenário muito mais trágico do que dos documentários sobre o cineasta e o grupo musical, Castro investiga a misteriosa morte de seu pai, que sempre lutou contra a ditadura militar. Celso Castro teria participado de um assalto que deu errado e depois teria causado a morte de seu parceiro no crime e cometido suicídio.

"Diário de uma Busca" foi premiado pela crítica no último Festival de Gramado.

Cinema carioca

A última sessão da noite da Première Brasil também trazia exemplos de financiamento de cinema sem passar pelas leis do governo. A sala do Cine Odeon estava lotada de pessoas para assistir ao curta "Em Trânsito" e ao longa "Riscado", ambas produções cariocas da Cavídeo.

Bianca, protagonista de "Riscado", trabalha com eventos diversos

O clima amistoso foi destacado por Cavi Borges, diretor de "Em Trânsito" e dono da Cavídeo. "A grande maioria dos presentes [na plateia] deve frequentar a locadora Cavídeo", disse Borges. "Vocês são todos produtores do filme."

As formas alternativas de financiamento estava presente no discurso de Gustavo Pizzi, diretor de "Riscado". "Descobrimos um jeito muito bacana de produzir o filme com parcerias e coproduções", afirmou Pizzi.

Atriz, roteirista, esposa de Gustvao e grávida de gêmeos, Karine Teles fez um discurso emocionado que se resumiu a um grande agradecimento.

"Riscado" conta a história de uma mulher que tenta ganhar a vida como atriz, mas tira seu sustento entregando panfletos e em apresentações em eventos e peças de teatro independente. Depois da sessão os aplausos foram entusiasmados e alongados.