30/09/2010 - 09h02

No Festival do Rio, mostra reúne documentários sobre grandes nomes das artes

CARLOS HELÍ DE ALMEIDA
Colaboração para o UOL, do Rio

Uma das novidades da programação do Festival do Rio desse ano, a mostra "Itinerários Únicos" aglutina documentários sobre artistas de diversas áreas de atuação – entre editores, arquitetos e artistas plásticos –, suas vidas e obras extraordinárias. Considerável parte dos 12 títulos da seleção está disponível nesta quinta (30) em sessões nos cinemas Glória e Estação Botafogo 3.

O roteiro do dia começa às 13h30, no Estação 3, com a exibição de “Preto, Branco e Cinza: Um Retrato de Sam Wagstaff e Robert Mapplethorpe” (2007), sobre a relação entre o fotógrafo americano e seu curador e descobridor. O filme de James Crump debruça-se sobre a mitologia envolvendo a dupla apelidada de O Príncipe e o Punk, respectivamente o encantador Wagstaff (1921-1987) e o infame Mapplethorpe (1946-1989), seu protegido e amante.

O percurso da dupla de artistas é relembrado com a ajuda de seus contemporâneos, como Joan Juliet Buck, Dominick Dunne e Patti Smith, a poeta e roqueira que chegou a partilhar da intimidade de Mapplethorpe.

Às 14h, no Cine Glória, começa a projeção de “O Universo de Keith Haring” (2008), que examina a vida e a carreira de um dos artistas pop mais influentes dos anos 70 e 80. O trabalho do novaiorquino, falecido em 1990, chegou a ser incorporado à obra de estrelas da música pop da época, como Grace Jones e a banda Duran Duran. O longa-metragem de Christina Clausen é embasado por entrevistas familiares, amigos e colegas de profissão, como David LaChapelle e Yoko Ono.

Ainda no Glória, às 15h30, tem início “A Incrível Leveza dos Prédios do Mr. Foster”, sobre Norman Foster, um dos mais importantes arquitetos contemporâneos, responsável por obras como o novo Reichstag (parlamento) alemão, em Berlim, o arranha-céu conhecido como Torre Hearst, em Nova York, e o aeroporto de Hong Kong. Dirigido pelo espanhol Norberto López e o americano Carlos Carcas, o filme recupera a trajetória de um dos artistas mais marcantes do nosso século, que usa o design para melhorar a qualidade de vida do homem.

“A Incrível Leveza dos Prédios do Mr. Foster” fez sua estreia mundial do Festival de Berlim desse ano.

Na sequência, às 17h, é a vez de “Pixo” (2009), dos brasileiros João Wainer e Roberto T. Oliveira, sobre o fenômeno da pichação em São Paulo. Sonorizado com músicas de Jorge Du Peixe, Racionais, Tejo Damasceno, Instituto e do rapper Sabotage, o longa-metragem acompanha a rotina de alguns desses jovens anárquicos numa tentativa de se o trabalho que fazem é arte, vandalismo ou um ato de exibicionismo. Os diretores, que são irmãos, não fugiram da raia nem na hora de flagrar confrontos entre pichadores e a polícia.

No inicio da noite, às 18h30, o Glória exibe “Picasso & Braque Vão ao Cinema”, documentário de Glimcher Arne sobre as pinturas cubistas de Georges Braque (1882-1963) e seu amigo Pablo Picasso (1881-1973). O filme persegue a tese de que os dois artistas foram profundamente influenciados por uma forma de arte que emergia no início do século passado: o cinema. O cineasta Martin Scorsese, que surge aqui nos papéis de produtor e entrevistado, aparece para declarar coisas como: “O cubismo não foi um estilo, foi uma revolução!”.

A farta programação do dia oferecida pela mostra Itinerários Únicos é encerrada com a exibição, às 20h, de “Jean-Michel Basquiat: A Criança Radiante” (2010), de Tamra Davis. Amiga pessoal do artista que conferiu aura de arte ao graffiti, Tamra recupera a história de Basquiat e sua meteórica ascensão no cenário das artes plásticas da Nova York dos anos 80, falecido prematuramente em 1988, aos 26 anos de idade. O filme, que fez sua estreia mundial no Sundance Film Festival, em janeiro, traz imagens inéditas do artista, feitas pela diretora nos anos 80.

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