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29/09/2008 - 11h23

Guerra do Iraque chega ao Festival do Rio em premiado documentário

Rio de Janeiro, 28 set. - O diretor iraquiano Kasim Abid traz ao Brasil o horror das famílias destruídas pela guerra do Iraque em seu premiado documentário "Depois da Queda de Bagdá", apresentado nesta sexta-feira no Festival do Rio.

Também leva uma mensagem de esperança com uma escola independente de cinema e televisão em uma Bagdá arrasada pela invasão dos Estados Unidos e seus aliados.

Abid, cujo filme recebeu este ano o prêmio de melhor documentário internacional no Festival DokFest, de Munique, entre outros prêmios, conta a história de sua própria família a partir da queda do regime de Saddam Husseim.

O filme retrata "a mudança do sentimento de esperança e de celebração após o fim do regime de Saddam, ao desespero e decepção", explicou Abid em entrevista à Agência Efe.

"No final, minha família se divide. Meu irmão foi seqüestrado e assassinado. Minha irmã foi para a Síria devido à violência e meu outro irmão foi para o norte do Iraque", explica.

"A invasão e a ocupação americana destruíram a identidade nacional do Iraque", acrescenta o diretor, que explica que esta saga familiar serve como uma metáfora do sofrimento de todo um país.

Abid é diretor e produtor, estudou no Instituto de Artes do Iraque e no Instituto VGIK de Moscou, mas vive em Londres desde 1982.

Após retornar do exílio, filmou este testemunho que, segundo suas próprias palavras, vai além de "explosões e corpos despedaçados".

Desta maneira, o cinema fala mais da atualidade de um Iraque rico em petróleo, mas onde falta energia elétrica, água e sistemas de saúde, e as crianças pedem esmola nas ruas, declarou.

"É um país com muitas perdas. Saddam não está mais lá, é verdade, mas isso não significa que a situação seja boa hoje em dia", disse.

Junto com a reconhecida cineasta também de origem iraquiana Maysoon Pachachi e o apoio de instituições internacionais, Abid fundou a Independent Film & Television College, que ensina gratuitamente artes visuais a jovens em Bagdá.

"É uma maneira de dar esperança e de enfrentar a violência. Se os diretores levam a história do Iraque à tela, o mundo pode entender melhor o que se passa", afirmou.

"Não sei dizer quando a situação vai melhorar ou piorar. O Iraque continua sendo um quebra-cabeça", disse, se referindo às perspectivas de um país dividido no qual, segundo ele, a situação quase não melhorou nos últimos seis meses.

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