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01/10/2008 - 12h05

"O Sangue Brota" revela novo cineasta argentino

NEUSA BARBOSA

Colaboração para o UOL, do Rio
Surpresa "cult" na programação deste Festival do Rio, o drama "O Sangue Brota", segundo filme do argentino Pablo Fendrik, exibido na Semana da Crítica de Cannes deste ano, revela o mal-estar dentro da família e da juventude. A história, porém, poderia passar-se em qualquer outro lugar, porque é universal.

O filme, que tem sua última exibição hoje à noite, às 21h, no Cine Santa, expõe o impasse existencial do jovem Leandro (Nahuel Perez Biscayart).

Divulgação
Cena de "O Sangue Brota", segundo filme do cineasta argentino Pablo Fendrik
ASSISTA ENTREVISTA COM O DIRETOR
Filho de pais de classe média, um motorista de táxi, Arturo (Arturo Goetz, de "O Outro"), e uma professora de carteado, Irene (Stella Galazzi), Leandro passa os dias se drogando num emprego precário. Sua obsessão é apossar-se das economias da família e fugir para algum lugar.

Em entrevista exclusiva ao UOL Cinema, por e-mail, Fendrik descartou transmitir uma visão geral do estado da família em seu país. "Tento não trabalhar com visões generalizadas. É apenas a soma de famílias que conheci e conheço", afirmou.

O diretor admite que a história tem algo de autobiográfico, mas não totalmente. "A violência do filme me é familiar, assim como o ambiente de tensão que se respira na casa. Não porque fosse assim em minha própria casa, mas em outras que conheci", salientou.

As talentosas jovens atrizes do elenco, como Ailin Salas e Guadalupe Docampo - que são os dois interesses amorosos do protagonista - segundo o diretor, fizeram apenas pontas em cinema antes. Bem ao contrário do impressionante Nahuel Perez Biscayart que, com apenas 22 anos, tem considerável experiência em teatro e cinema - em filmes como "El Aura" (2005), do falecido Fabián Bielinsky ("Nove Rainhas").

A fotografia, de Julián Apezteguia, que procura uma textura "um pouco mais suja e granulada", como define Fendrik, foi obtida a partir do uso de duas câmeras Super 16, a Aaton Mínima e a Arri.
Apesar desta estética e da temática semelhante, Fendrik rejeita comparações com a compatriota Lucrecia Martel. "Para mim, ela é uma grande cineasta, mas não acho que meu filme se pareça em nada com os dela, dos quais gosto muito".

Os ídolos do cineasta, aliás, estão fora de seu país. São os norte-americanos John Cassavetes e Martin Scorsese, o alemão Werner Herzog, o mexicano Carlos Reygadas e os belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne. "Todos têm uma vitalidade enorme, uma atitude de bravura e o desejo de forçar limites", justifica.

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