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02/10/2008 - 16h04

Documentário recupera histórias esquecidas de Nova Orleans

NEUSA BARBOSA

Colaboração para o UOL, do Rio

Ocorrido em 2005, o furacão Katrina quase varreu a cidade de Nova Orleans do mapa. Três anos depois, o documentário "A História Desconhecida de Nova Orleans", de Dawn Logsdon e Lolis Eric Elie, retrata não só os efeitos ainda devastadores daquele episódio sobre os moradores, especialmente os mais pobres, como recupera a memória de eventos que atualizam a imagem política daquela que é uma das capitais do jazz nos EUA. O filme começa a ser exibido hoje (2) no Festival do Rio.



Divulgação
"A História Desconhecida de Nova Orleans", de Dawn Logsdon e Lolis Eric Elie, busca memórias esquecidas da cidade

Em entrevista exclusiva, Lolis Eric Elie contou que começou a fazer o documentário antes do Katrina. Sua idéia então era documentar a história de Faubourg Tremé, bairro que tem um longo passado de lutas pelos direitos civis e onde nasceu o primeiro jornal diário negro dos EUA. "Faubourg Tremé nunca foi um bairro totalmente negro, sempre teve população mista. Além disso, ali havia pessoas que tinha educação formal e se tornaram porta-vozes de lutas pela igualdade de direitos".
Elie, que também é jornalista, garante que "já nos anos 1860, os ônibus em New Orleans eram dessegregados (não separavam negros e brancos). Isso foi esquecido por quase 100 anos, até que Rosa Parks teve aquela atitude de desafiar a segregação, em 1955". Rosa Parks era uma costureira do Alabama que, naquele ano, recusou-se a ceder seu assento a uma passageira branca, desafiando a lei de segregação racial vigente então.


Elie lamenta que "mesmo em New Orleans muitas pessoas não sabem dessas coisas, não conhecem a fundo a história local. Por isso considero importante o que tentei fazer com este documentário, mostrar o quanto a cidade é importante na história nacional".


Passados três anos do furacão, Elie afirma que "40% dos moradores ainda não voltaram". Segundo o cineasta, o Katrina afetou mais as áreas residenciais e os moradores mais pobres, especialmente, "foram prejudicados porque o governo decidiu demolir os alojamentos públicos".
A boa notícia é que o centro histórico, o French Quarter, o Museu do Jazz e o Preservation Hall - local de apresentação de músicos veteranos - foram restaurados. "Muitos dos músicos voltaram. Pode-se ouvir boa música todos os dias por lá, sete dias por semana", garante o cineasta.

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