Atração do Festival de Cannes 2007, do qual participou da competição, o drama "Alexandra", do russo Aleksandr Sokurov, permaneceu inédito até agora inclusive do circuito dos festivais brasileiros. Por isso, é um dos principais destaques destes últimos dias da programação do Festival do Rio.

Conhecido por filmes como "Taurus" (2001) e "Arca Russa" (2002), Sokurov enfoca um tema incômodo em seu país, a guerra da Chechênia. O diretor torna esse foco mais intimista ao inventar como protagonista uma avó, Alexandra (Galina Vishevskaya), que vai visitar seu neto capitão (Vasily Shetsov) no "front" checheno.

O casting de Galina, hoje com 82 anos, uma consagrada soprano e viúva do violoncelista Mstislav Rostropovich, atribuiu para sua interpretação espontaneidade e verdade que, talvez, atrizes mais experimentadas tivessem dificuldade em atingir. E esta foi, claramente, a intenção de Sokurov ao escolhê-la.

Entediada de ficar o dia inteiro à toa no quartel comandado pelo neto, a avó aventura-se pelos arredores. Olha tudo, entra nas casas e, mesmo sem falar a língua, consegue fazer-se entender pelas mulheres da região - que a acolhem sem desconfiança ou agressividade e até lhe dão doces para levar de volta ao quartel.

A crítica sutil a esta guerra está mais nas entrelinhas. Mesmo sem fazer discursos, suas imagens mostram os soldados russos entediados e perdidos, sem saber muito bem porque permanecem na província ocupada. Por todo lado há poeira e abandono. Só a intervenção inusitada de Alexandra parece criar alguma possibilidade de entendimento.

"Alexandra" tem duas sessões nesta terça (7), às 16h e às 20h, no Estação Botafogo 1. Repete amanhã, quarta (8), às 20h, no Estação Barra Point 1. Suas últimas sessões são na quinta (9), às 13h50 e 18h20, no Estação Vivo Gávea 2.

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