Espectadores que sonham com interferir diretamente sobre o destino dos personagens e decidir o final de um filme são esperados na tarde e na noite de hoje, no Festival do Rio. É que acontecem nesta sexta (2) as duas sessões previstas para "A Gruta", do brasiliense Filipe Gontijo, em que haverá participação direta do público através de controles especiais. "A Gruta" será exibido às 16h45 e 23h, no Espaço de Cinema 2.
Em entrevista ao
UOL, Gontijo, que já venceu o prêmio de melhor direção no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em 2006 com o curta "A Volta do Candango", conta que se trata de um mecanismo muito simples. "O filme foi feito para rodar em plataforma de dvd normal, para as pessoas jogarem em casa, como um videogame", descreve. Ele pode inclusive ser encontrado no site
www.filme-jogo.com, onde, dependendo das escolhas dos jogadores, pode durar entre cinco e 45 minutos.
Na sala de cinema, haverá várias mudanças, a começar pela duração do filme. "A Gruta" deve durar entre 40 e 50 minutos, segundo o diretor. Como se trata de sessões públicas, com a participação de mais pessoas, os dispositivos que serão distribuídos ao público são diferentes dos utilizados em casa, ou seja, controles individuais como os usados em programas de auditório. A experiência já foi testada uma vez antes do Rio, numa pré-estreia de uma versão anterior de "A Gruta", no Festival de Brasília 2008, segundo o diretor.
"Funciona como um RPG (Role Playing Game), em que você escolhe o teu personagem e decide para onde ele vai", explica. Assim, cada espectador terá de escolher logo de saída ou a garota ou o rapaz do filme, interpretados, respectivamente, por Poliana Pieratti e Carlos Henrique.
A cada cinco minutos, aparecerá na tela um menu, que permitirá que o público vote nos rumos para a história. "As pessoas decidem, a maioria vence", diz o diretor. Ele não fez uma versão final para a história, que acompanha a aventura de dois namorados, que vão passar uma temporada numa fazenda da família dela, onde mora o caseiro Tião (André Deca, prêmio de melhor ator em Brasília em 2005 pelo curta "Uma Mulher Mais ou Menos"). Ao visitarem uma gruta do terreno, encontram um filhote de porco, que introduz o elemento fantástico no enredo. Gontijo conta ter filmado onze finais diferentes para o filme.
A inspiração fantástica não é por acaso. Gontijo revela que há dois escritores que fazem essa linha em sua obra e que estão por trás da definição dos dois protagonistas do filme: Edgar Allan Poe, no caso da garota, Julio Cortázar, no caso do rapaz. "A Gruta" também irá abrir o Festival do Cinema Fantástico, no mês que vem, no CCBB de São Paulo.
Formado em Publicidade pela Universidade de Brasília, Gontijo trabalha há sete anos com audiovisual, entre videoclipes e cinema.
A GRUTA - de Filipe Gontijo.Brasil/2008. 40 a 50 min. 16 anos.
Sexta (2), 16:45, Espaço de Cinema 2.
Sexta (2), 23:00, Espaço de Cinema 2.*
(Neusa Barbosa escreve para o site Cineweb)