BEVERLY HILLS, EUA, 13 Jan 2008 (AFP) - Como qualquer "mortal", os indicados da 65a edição do Globo de Ouro assistirão pela TV neste domingo ao anúncio dos premiados em Hollywood.

Desde quando, em 1943, a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA) entregou os primeiros Globos, nunca a cerimônia de gala foi cancelada como ocorreu este ano devido à greve do Sindicato de Roteiristas (WGA), que a transformou em uma coletiva de imprensa marcada para as 18h00 locais (00h00 de Brasília) deste domingo no hotel Hilton de Beverly Hills.

Em um golpe inesperado para os empresários da indústria do cinema hollywoodiano e para os organizadores destes prêmios, o Sindicato dos Atores (SAG) anunciou um boicote ao evento em sinal de apoio a seus "irmãos e irmãs roteiristas em greve" desde 5 de novembro, ofuscando assim o brilho das 72 estrelas indicadas para as 25 categorias desta festa.

O cancelamento é ainda mais sério em termos econômicos por ocorrer em uma época em que os anúncios publicitários para uma cerimônia de gala com celebridades custam milhões por minutos, os direitos de transmissão são altíssimos, e são incalculáveis as perdas para "produtos comerciais derivados" como imprensa rosa, estilistas, joalherias e restaurantes.

Sem as indicadas a Melhor Atriz como Cate Blanchett ("Elizabeth: A Era de Ouro"), Julie Christie ("Longe Dela"), Jodie Foster ("Valente"), Angelina Jolie ("O Preço da Coragem") e Keira Knightley ("Desejo e Reparação"), por exemplo, grandes casas da alta costura perderam sua oportunidade de vestir estas belas atrizes para que desfilassem pelo tapete vermelho.

Também não haverá fotos exclusivas dos rostos indicados a Melhor Ator (drama) como George Clooney ("Conduta de Risco"), Daniel Day-Lewis ("Sangue Negro"), James McAvoy ("Desejo e Reparação"), Viggo Mortensen ("Senhores do Crime") ou Denzel Washington ("O Gângster").

Caso o espanhol Javier Bardem vença por seu papel em "Onde os Fracos não têm Vez" será lamentável não ver o ator festejar o prêmio que por fim ficaria em suas mãos após duas indicações frustradas.

Assim diretores, músicos, técnicos, elencos de série de televisão e dezenas de estrelas estarão neste domingo acomodadas nas poltronas de suas casas, ao lado de amigos em um hotel ou talvez em um bar, esperando ansiosos na frente da tela se seus nomes serão anunciados como vencedores da 65a entrega do Globo de Ouro em seu formato de "noticiário".

Segundo os analistas da imprensa especializada, "Desejo e Reparação" poderá ser o grande derrotado da noite ao ser o filme com o maior número de indicações, sete, mas com concorrentes muito fortes nos principais prêmios: Melhor Filme de Drama, Melhor Diretor, Melhor Ator e Melhor Atriz.

O thriller "Onde os Fracos não têm Vez", com a marca dos irmãos Joel e Ethan Coen, é um rival tão forte para "Desejo e Reparação" quanto "Sangue Negro", em que Daniel Day-Lewis vive um ser obscuro e obcecado em sua busca por petróleo.

Lew Harris, editor-chefe do site de internet Movies.com, apostou que o longa dos irmãos Coen e a obra de Paul Thomas Anderson, "Sangue Negro", "serão os dois principais favoritos a Melhor Filme.

Outros indicados a Melhor Filme são as obras de Ridley Scott "O Gângster", de David Cronenberg, "Senhores do Crime", de Tony Gilroy "Conduta de Risco" e o filme de Denzel Washington "The Great Debaters".

Este ano predomina a violência inclusive na categoria Melhor Comédia ou Musical que tem como favorito "Sweeney Todd", musical de Tim Burton, onde Johnny Depp faz o papel de um barbeiro degolador de Fleet Street.

Mas Harris adverte que esta obra está ameaçada por "Juno", filme independente sobre a gravidez de uma adolescente que pode repetir o feito de "Pequena Miss Sunshine" no ano passado.

A estrela deste filme, a canadense de 20 anos Ellen Page, emergiu como uma rival de peso da francesa Marion Cotillard de "Piaf - Um Hino ao Amor" ao prêmio de Melhor Atriz em Musical ou Comédia.

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