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"A História da Eternidade" é o grande vencedor do 6º Festival de Paulínia

Em " A História da Eternidade", Irandhir Santos é um artista que vive em comunidade do sertão pernambucano, parada no tempo.  - Divulgação
Em " A História da Eternidade", Irandhir Santos é um artista que vive em comunidade do sertão pernambucano, parada no tempo. Imagem: Divulgação

Tiago Dias

Do UOL, em Paulínia (SP)

27/07/2014 21h43

O filme "História da Eternidade", do diretor Camilo Cavalcante, é o grande vencedor do 6º Festival de Paulínia, em cerimônia realizada no Theatro Municipal Paulo Gracindo, em Paulínia (SP), na noite deste domingo (27). 

O longa-metragem de estreia do cineasta pernambucano levou para casa o prêmio máximo da noite, melhor filme segundo o júri, além do troféu menina de ouro para melhor direção, ator, para Irandhir Santos, e atriz, dividido entre Debora Ingrid, Zezita Matos e Marcélia Cartaxo -- todas são protagonistas nas três histórias de amor e desejo que norteiam o filme, que se passa num pequeno vilarejo do sertão nordestino.  "A História da Eternidade" também foi premiado como melhor filme pelo prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine).
 
"A História" é o segundo filme pernambucano consecutivo a vencer como melhor filme no festival. "Febre do Rato", de Cláudio Assis, ganhou na categoria em 2011, quando o festival foi interrompido.
 
Por pouco o longa não entrou no festival. Ele foi anunciado em cima da hora após o documentário "Cássia", sobre a cantora de Cássia Eller, de Paulo Henrique Fontenelle, não ter ficado pronto a tempo. 
 
"A sessão de ontem foi emocionante. Estamos absorvendo ainda o carinho do público. O filme fala de amor e foi amor que ele recebeu aqui. Obrigado pela equipe que se entregou de corpo e alma", agradeceu Camilo, que passou meses com a equipe no sertão.
 
Debora Ingrid nunca tinha trabalhado como atriz antes de "A História". No palco, ela lembrou seu personagem Alfonsina, que passa o longa com o desejo de conhecer o mar. "É uma alegria imensa, do tamanho do mar de Alfonsina", disse, emocionada.
 
A veterana Zezita Matos, que dividiu o prêmio com Debora e Marcélia, em um papel de uma avó que recebe o neto regresso ao lar, também agradeceu: "Me sinto como mãe".
 
Irandhir Costa, uma das ausências mais sentidas do festival, venceu como melhor ator. É o terceiro prêmio na carreira em Paulínia (Em 2009, ele venceu pelo filme "Olhos Azuis", de José Joffily, e em 2011 por "Febre do Rato", de Cláudio Assis). No papel de um artista epilético, ele foi aplaudido em cena aberta por duas vezes durante a sequência em que canta "Fala", de Secos e Molhados. 
 
Boa Sorte e Casa Grande
Espécie de comédia de erros de um família burguesa carioca, que começa a ruir financeiramente, "Casa Grande", longa de estreia de Fellipe Barbosa, venceu nas categorias ator coadjuvante (Marcelo Novaes, também ausente, que agradeceu através de uma mensagem lida pelo diretor), atriz coadjuvante (Clarissa Pinheiro) e melhor roteiro. Com atuações bastante naturalistas e roteiro econômico, "Casa Grande" também venceu o prêmio especial do júri, composto por Anna Muylaert, Artur Xexeo, Carlos Cuadros, Renata de Almeida e Thiago Dottori.
 
O prêmio do público ficou para "Boa Sorte", de Carolina Jabor, espécie de "A Culpa é das Estrelas" brasileiro, com Deborah Secco no papel de uma soropositiva viciada. "Ninguém queria dar dinheiro ao filme, afinal, ela morre no final, e aqui ele ganha júri popular. É uma loucura", ressaltou a cineasta ao receber o prêmio menina de ouro.
 
"Sangue Azul", de Lírio Ferreira, e "Sinfonia da Necrópole", de Juliana Rojas, dois filmes bastante cotados para os principais prêmios, venceram apenas nas categorias técnicas, melhor figurino e melhor trilha sonora, respectivamente.
 
"O Clube", de Allan Ribeiro, dominou a premiação na categoria curta-metragem. A história dos transformistas do Turma OK, espécie de confraria gay do centro do Rio de Janeiro, venceu como melhor filme, direção e prêmio de público.
 
Cacá Diegues recebe homenagem
A cerimônia, apresentada por Caio Blat e Tainá Muller, ainda recebeu no palco o diretor Cacá Diegues, homenageado do festival. 
 
"Quando começam a dar esse prêmio, quer dizer que a gente está velho", disse o cineasta. "Mas eu não pretendo me aposentar. Vou continuar até minhas forças resistirem, e eu sei que vai resistir. O que move minha vida é meu grande amor ao cinema". 
 
Cacá foi bastante apaludido, mas o festival ficou devendo um filme de sua extensa obra na programação.
 
Confira a lista dos vencedores
 
Filmes de longa-metragem
Melhor filme: "A História da Eternidade" (R$ 300 mil) 
Melhor direção: Camilo Cavalcante - " A História da Eternidade"  (R$ 50 mil)
Melhor ator: Irandhir Santos (R$ 30 mil)
Melhor atriz: Zezita Matos, Marcéla Cartaxo e Debora Ingrid -" A História da Eternidade"(R$ 30 mil)
Melhor ator coadjuvante: Marcelo Novaes - "Casa Grande" (R$ 15 mil)
Melhor atriz coadjuvante: Clarissa Pinheiro - "Casa Grande" (R$ 15 mil)
Melhor roteiro: "Casa Grande" (R$ 15 mil)
Melhor fotografia: "Sangue Azul" (R$ 15 mil)
Melhor montagem: "Aprendi a Jogar com Você" (R$ 15 mil)
Melhor som: "Castanha" (R$ 15 mil)
Melhor direção de arte: "Boa Sorte" (R$ 15 mil)
Melhor trilha Sonora: "Sinfonia da Necrópole" (R$ 15 mil)
Melhor figurino: "Sangue Azul" (R$ 15 mil)
Especial júri: "Casa Grande", de Fellipe Barbosa (R$ 100 mil)
 
Filmes de curta-metragem
Melhor filme: "O Clube", de Alan Ribeiro (R$ 30 mil)
Melhor direção: "O Clube" (R$ 20 mil)
Melhor roteiro: "Edifício Tatuapé Mahal", de Carolina Markowicz e Fernanda Salloun (R$ 15 mil)
Especial júri: "O Bom Comportamento", de Eva Randolph (R$ 20 mil)
 
Júri Popular
Melhor longa-metragem: "Boa Sorte", de Carolina Jabor  (R$ 50 mil)
Melhor curta-metragem: "O Clube", de Alan Ribeiro (R$ 20 mil)
 
Júri ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema
Melhor longa-metragem: "A História da Eternidade"
Melhor curta-metragem: "O Clube"