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14/01/2009 - 07h03

A curiosa história de Taraji P. Henson, mãe adotiva de Brad Pitt em "Benjamin Button"

CINDY PEARLMAN
The Hollywood Watch
Não é apenas seu nome que confunde Hollywood. O curioso caso da atriz Taraji P. Henson se estende à sua imagem. "Eu interpretei algumas personagens não muito glamourosas, vamos ser honestas", diz Henson, que é mais conhecida como a prostituta Shug do criticamente aclamado "Ritmo de um Sonho" (2005).

Divulgação
"Eu interpretei algumas personagens não muito glamourosas, vamos ser honestas", diz Taraji P. Henson, mais conhecida como a prostituta Shug de "Ritmo de um Sonho" (2005)
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"Outra noite eu fiquei toda glamourosa em um vestido incrível, com meu cabelo e maquiagem impecáveis. Fui até um executivo de grande estúdio e disse: 'Oi, Brad, sou eu, Taraji'. Ele ficou me olhando como se estivesse tentando lembrar quem eu era. Então outra pessoa disse: 'Essa é a Queenie do filme'", ela prossegue, rindo. "Ele disse: 'Oh, meu Deus. Você está tão... linda'."

Henson não se ofende. Em seu novo filme, "O Curioso Caso de Benjamin Button", lançado no Natal nos Estados Unidos e que estreia dia 16 no Brasil, Henson intepreta a mãe adotiva de Benjamin (Brad Pitt), um homem que inexplicavelmente nasce velho e rejuvenesce com o tempo.

O executivo da Paramount Brad Grey pode ter se confundido na pré-estréia do filme, mas há muita especulação sobre uma eventual indicação ao Oscar por sua atuação, que ancora um filme reconhecidamente bizarro.

"Ajuda o fato de eu ter este nome estranho", diz Henson durante uma entrevista por telefone. "Eu odiava quando era criança, mas talvez agora ele se destaque. Acho que as pessoas estão lentamente começando a ligar os pontos no que se refere a quem eu sou."

Quanto às especulações sobre uma indicação ao Oscar, para Henson elas são apenas isso: especulações. "Eu encaro um dia de cada vez. Tento não me deixar levar pela conversa. Você nunca sabe o que acontecerá. Fico lisonjeada com o fato de as pessoas que viram o filme terem gostado, mas eu ainda penso: 'E se você assistir ao filme e achar que fui uma droga?'". Ela ri. "É realmente uma honra ser mencionada como possível candidata ao Oscar. Eu mentiria se não dissesse que isso me deixa muito feliz."

Dirigido por David Fincher, "O Curioso Caso de Benjamin Button" é adaptado de um conto de F. Scott Fitzgerald. Pitt interpreta um homem que nasceu octogenário e, por um motivo misterioso, "envelhece" ao contrário. Henson interpreta Queenie, que encontra o velho Benjamin quando bebê e atua como uma figura materna para ele ao longo da história, que começa em 1918 em Nova Orleans e avança até o século 21.

O papel envolveu longas horas na cadeira de maquiagem, já que Queenie envelhece normalmente enquanto Benjamin rejuvenesce. "Eu envelheço de 26 para 71 anos. A maquiagem foi um processo bastante cansativo. Começou com um molde da minha cabeça. Então, desenvolveram as próteses para me envelhecer.", explica. "Fui até um cenário improvisado antes de começarmos a filmar. Eu tinha que ficar sob luzes fortes e virar minha cabeça em direções diferentes. Fincher, que estava lá , olhava para as próteses no meu rosto e dizia: 'Não, eu consigo ver as emendas. Façam de novo'."

"Assim que eles acertaram as próteses, então passou a ser um processo de três ou quatro horas por dia na cadeira de maquiagem para mim." Pitt estava na cadeira de maquiagem vizinha grande parte do tempo. "Brad fazia algumas pausas durante as sessões de maquiagem. Eu não podia fazer pausaS; sabia que se levantasse, poderia não voltar. Então apenas fiquei sentada lá e suportei."

E, sim, ela gostou de trabalhar com Pitt. "Ele é realmente um sujeito ótimo e um grande ator, e interpretou o papel de Ben Button perfeitamente. Ele tinha que responder a todos esses personagens incríveis que ele conhece na vida. Um ator menor teria ido longe demais, mas Brad foi fantástico. Todo dia Brad dizia: 'Onde estamos no roteiro? Qual é a minha idade hoje?'".

Henson foi criada em Washington e fez faculdade na Carolina do Norte. Seus planos de se tornar uma engenheira elétrica foram interrompidos quando fracassou em pré-cálculo. Então ela voltou para casa e freqüentou a Universidade Howard, pagando as contas como secretária e depois como garçonete que cantava e dançava."Engenharia não era para mim. Foi por isso que Deus disse: 'Você não passará em pré-cálculo. Nota F!"

"Eu descobri que podia ganhar dinheiro quando vi alunos da Howard em filmes. Eu sabia que podia fazer o mesmo. Atuei em Howard e tive que ralar para subir na cadeia alimentar. Quando parti, eu era uma das estrelas do teatro deles."

A jovem atriz iniciou sua carreira na televisão, com participações em "E.R." (Plantão Médico) (1998) e "Felicity" (1998) antes de ser ganhar o papel da inspetora Raina Washington em "The Division" (2003-2004) e o de Whitney Rome em "Boston Legal" (2007-2008). Após estrear no cinema em "Steetwise" (1998), ela obteve papéis coadjuvantes em "Quatro Irmãos" (2005), "A Última Cartada" (2006), "Talk to Me" (2007) e "The Family that Preys" (2008). Mas foi "Ritmo de um Sonho" que a colocou no mapa.

Henson, que vive fora de Los Angeles com seu filho, Marcel, vê a si mesma como uma atriz de personagem, o que tem suas vantagens e desvantagens. "Meus personagens parecem tão diferentes, o que é muito bom criativamente. Mas já me deparei com diretores do outro lado da mesa para os quais tive que dizer: 'Sim, eu era aquela garota. Sim, aquela outra também'."Na maioria das vezes, "aquelas garotas" não eram particularmente glamourosas.



"É claro que quero interpretar uma personagem glamourosa. Eu trabalhei em um projeto e o primeiro diretor assistente olhou para mim de um modo maluco e disse: 'Oh, meu Deus, você está tão sensual!' Ele me disse isso um tanto surpreso. E continuou: 'Por que você não costuma parecer assim na tela?', e eu disse: 'Assim vocês me matam'. Isso tem que ter a ver com a atuação, com a personagem."

(Tradução: George El Khouri Andolfato)

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