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22/01/2009 - 14h01

Heath Ledger recebe indicação póstuma ao Oscar

Por Jill Serjeant

LOS ANGELES (Reuters) - Ri melhor quem ri por último. No caso, quem está rindo é o Coringa, o último vilão representado por Heath Ledger.

A indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante foi dada ao ator australiano exatamente um ano após sua morte por overdose acidental de remédios e é uma exceção rara à regra segundo a qual os eleitores do Oscar costumam desprezar os filmes com heróis de ação.

Não apenas Ledger ajudou "Batman - O Cavaleiro das Trevas" a se tornar o maior sucesso do cinema desde "Titanic", como também recebeu prêmios diversos por sua atuação assustadora e convincente como o Coringa.

Sua indicação ao Oscar na quinta-feira o insere na disputa pelo segundo, apenas, Oscar póstumo já dado a um ator. Peter Finch recebeu o primeiro e único até agora por "Rede de Intrigas", de 1976, dois meses depois de sofrer um enfarte fatal, aos 60 anos de idade.

"Os eleitores do Oscar são esnobes notórios que costumam fazer pouco caso de filmes de super-herói. 'Cavaleiro das Trevas' pode ser um filme pipoca, mas é uma pipoca de gourmet", disse Tom O'Neil, colunista do site www.TheEnvelope.com, que comenta as premiações de cinema.

Heath Ledger morreu aos 28 anos, cinco meses antes do lançamento de "Cavaleiro das Trevas", que acabou vendendo 977 milhões de dólares em ingressos em todo o mundo. A crítica especializada se derramou em elogios à performance de Ledger, que pouco depois já passou a ser alvo de especulações ligadas ao Oscar.

Nas últimas semanas Ledger recebeu prêmios do Globo de Ouro e do Critics Choice e foi indicado para os prêmios SAG (do sindicato de atores dos EUA) e do Bafta, que ainda não foram entregues.

Mas o crítico de cinema Leonard Maltin, do "Entertainment Tonight", disse que a vitória de Ledger no Oscar está longe de garantida. "Tradicionalmente, a disputa do Oscar de melhor ator coadjuvante é a mais apertada, porque há tantas ótimas atuações coadjuvantes, muitas vezes mais que nos papéis principais."

Os rivais de Ledger para o prêmio, que será entregue em 22 de fevereiro, são Josh Brolin ("Milk - A Voz da Igualdade"), Robert Downey Jr. ("Trovão Tropical"), Philip Seymour Hoffman ("Dúvida") e Michael Shannon ("Foi Apenas Um Sonho").

Os pais de Heath Ledger, na Austrália, disseram que seus prêmios provavelmente ficarão com sua filha Matilda, 3 anos, que está sendo criada por sua mãe, Michelle Williams, ex-namorada de Ledger e atriz que contracenou com ele em "O Segredo de Brokeback Mountain".

Apesar de ter sido indicado ao Oscar pelo papel de caubói gay relutante nesse filme, Ledger nunca foi astro de primeira linha. Ele chamou a atenção pela primeira vez em 2001 no romance de ação "Coração de Cavaleiro".

Ele foi aclamado pela crítica por seus papéis menores em "A Última Ceia" e "Não Estou Lá".

Tom O'Neil atribuiu as manifestações de tristeza sobre sua morte ocorrida ao longo do ano à "sedução misteriosa" do ator e seu status de herói romântico junto a hetero e homossexuais.

"A mesma coisa que o impediu de virar um astro de primeira linha quando estava vivo é o que o torna tão fascinante depois de morto. Ele era um enigma, mas parecia um sujeito tão decente, era um pai amoroso e tinha talento genuíno."

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