Principal aposta da Warner no Oscar deste ano, "O Curioso Caso de Benjamin Button" reacendeu o interesse do público em F. Scott Fitzgerald (1896-1940). Ele é o autor americano que escreveu o conto no qual Eric Roth se baseou para fazer o roteiro do filme de David Fincher. A Ediouro acaba de lançar a quadrinização do conto original, bem diferente do filme, com adaptação feita por Nunzio DeFilippis e Christina Weir e desenhos de Kevin Cornell.
Ironia das ironias, Fitzgerald escreveu o conto para tentar ganhar dinheiro com a indústria cinematográfica americana. Junto com seu agente, apresentou para David O. Selznick, da Fox, uma sinopse do texto com 1500 palavras. A idéia era convencê-lo a comprar o conto terminado (com cerca de 8 mil palavras) por US$ 2,5 mil e transformá-lo em filme. Não é preciso dizer que foram necessários 86 anos para o plano dar certo.
Todo em tons de sépia e em um formato conservador que mais se assemelha a um livro didático, "O Curioso Caso de Benjamin Button", a graphic novel, revela características do texto que ficaram obscurecidas na adaptação para o cinema. Ao terminá-lo, Fitzgerald teria dito que era "a história mais engraçada já escrita", justamente porque era uma sátira sobre o conservadorismo americano da época. Por exemplo, Ben Button nasce com 70 anos, maduro, e regride com o passar do tempo.
É uma leitura ligeira, que revela mais sobre o filme do que exatamente sobre o conto. Com o passar do tempo, Button atinge o auge, encontra o amor de sua vida, rejuvenesce ainda mais e vê esvair tudo o que constriu durante sua vida ao revés. Especialmente a memória de tudo o que viveu. Nesse sentido, tanto o filme, quanto os quadrinhos e o conto têm muito em comum. Todos falam sobre a ação do tempo em nossas vidas.