Por Jill Serjeant
LOS ANGELES (Reuters) - Depois de passar 15 anos no deserto do cinema, Mickey Rourke pode coroar sua volta por cima com um Oscar de melhor ator no domingo.
Mas o astro de "O Lutador" primeiro terá que nocautear Sean Penn, visto como seu principal rival pelo troféu da Academia, graças a sua atuação como o assassinado ativista dos direitos dos gays Harvey Milk no filme "Milk - A Voz da Igualdade".
"É uma luta de pesos pesados: de um lado um lutador de luta-livre, e de outro um lutador pelos direitos dos gays", disse Tom O'Neil, colunista do site www.TheEnvelope.com, especializado em premiações de cinema.
Os dois outros candidatos são Brad Pitt, por "O Curioso Caso de Benjamin Button", e Richard Jenkins, pelo filme pouco visto "The Visitor". Ambos são vistos como vencedores improváveis.
Rourke, 56 anos, e Penn, 48, dividiram os prêmios até agora: Rourke ficou com o Globo de Ouro e o Bafta de melhor ator, enquanto Penn recebeu o troféu do Sindicato de Atores e uma série de outros prêmios de críticos.
Especialistas dizem que Penn pode ter uma vantagem pelo fato de ser respeitado - embora não amado - no mundo do cinema. Ele já recebeu um Oscar de melhor ator pelo papel de pai que chora a morte de uma filha em "Sobre Meninos e Lobos", de 2003.
"Milk" também foi indicado para os Oscar de melhor filme e melhor diretor, refletindo o apoio amplo dos eleitores do Oscar para o filme, num momento em que a batalha sobre os casamentos homossexuais são um dos temas do momento na Califórnia.
Mas Mickey Rourke está longe de estar fora da jogada.
"Pode ser o caso de os eleitores da Academia optarem pela história de uma volta por cima", disse Pete Hammond, crítico do Hollywood.com. "Este filme vem sendo descrito como a ressurreição de Mickey Rourke."
Na temporada de premiações atual, Rourke vem demonstrando contrição por seu comportamento passado, e sua performance elogiada o está ajudando a reconquistar um pouco de sua glória passada.
O bad boy do Oscar?
Mas o ator, que começou a praticar boxe nos anos 1990, ainda não se livrou de todos seus hábitos de bad boy.
Seus discursos nas premiações mais recentes foram pontilhados por palavrões; ele agradeceu a seus cachorros pelo Globo de Ouro, fumou no tapete vermelho do Bafta, em Londres, e, no backstage, tomou champanhe diretamente do gargalo da garrafa.
Se tudo isso vem ajudando ou prejudicando suas chances de obter seu primeiro Oscar é algo que só será sabido quando os Oscar forem anunciados, em 22 de fevereiro.
O documentarista e estudioso do cinema Richard Schickel disse que sua performance favorita é a de Frank Langella em "Frost/Nixon".
Alguns observadores do Oscar apostam em Langella como vencedor surpresa, porque é veterano da indústria e esta pode ser sua última chance de conseguir o prêmio mais importante do cinema.
Outros acham que Penn e Rourke podem dividir os votos entre os cerca de 6.000 membros votantes da Academia, permitindo que Langella saia vitorioso.