HOLLYOOD - Ao somar este ano a 15ª indicação ao Oscar, a polivalente atriz Meryl Streep superou o próprio recorde na disputa pelo prêmio máximo do cinema americano.
Dona de uma simplicidade surpreendente para uma diva de 59 anos e 30 de carreira, Streep não para de surpreender pela garra com que aceita o desafio de se arriscar em qualquer gênero.
Atrás delas, entre os mais indicados ao Oscar, estão nomes de respeito como Katharine Hepburn e Jack Nicholson, com 12 cada um.
Das 15 indicações, no entanto, a estatueta dourada só foi parar em suas mãos duas vezes, como melhor atriz por "A escolha de Sofia" (1982) e melhor atriz coadjuvante por "Kramer X Kramer" (1979).
"Não sabia que era tão raro ganhar uma indicação ao Oscar. Fiquei surpresa quando me disseram isso e estou muito grata", afirmou a atriz, sempre muito elegante em suas declarações.
Sobre sua personagem que valeu a indicação este ano, a irmã Aloysius Beauvier, em "Dúvida",disse que foi um papel muito interessante e que ficou encantada por ter de usar apenas um hábito e quase nenhuma maquiagem.
Streep, que este anos também protagonizou um dos musicais de maior bilheteria dos últmos tempos, "Mamma Mia!", chega à 81ª cerimônia do Oscar ao lado de um elenco de respeito em "Dúvida", Philip Seymour Hoffman, Amy Adams e Viola Davis, todos também devidamente indicados ao prêmio.
Indagada sobre o segredo de sobreviver a tanto reconhecimento, brincou dizendo que o principal de ser indicada ao Oscar "é se assegurar de não ser indicada na mesma categoria que Kate Winslet", sua principal concorrente ao prêmio que será entregue no próximo domingo.
Apesar de ter a aura de ser uma atriz já indicada antes mesmo de aceitar um papel, Streep tem uma vasta experiência como perdedora na entrega do Oscar, por isso diz que "é preciso manter-se lúcida, calma e estar preparada para voltar para casa sem nada".
Streep faz parte do time de atrizes que se comprometem ao fundo com a personagem, a ponto de aprender a tocar um instrumento em poucas semanas, como o fez em 1999 para o papel da violinista Roberta Guaspari em "Música do Coração", que lhe valeu outra indicação à estatueta dourada.
Nascida em 22 de junho de 1949 em Summit (Nova Jersey), Mary Louise Streep se interessou bem jovem pela vida artística e na Universidade de Yale fez cerca de 40 produções teatrais.
Depois de uma breve passagem pela Broadway, estreou no cinema em 1977 com "Júlia", de Fred Zinnemann. No ano seguinte, trabalhou com Robert De Niro em "O franco atirador", o filme de Michael Cimino que lhe valeu sua primeira indicação ao Oscar.
Siguiram-se "Kramer X Kramer", "A mulher do tenente francês" e "A escolha de Sofia", onde Streep confirmou sua extraordinária habilidade para imitar qualquer sotaque e se transformar fisicamente.
Depois de "Silkwood - O retrato de uma coragem" e "Entre dois amores", essa mesma perfeição fez a atriz virar alvo de críticas.
Trabalhou numa comédia de humor negro, "Ela é o diabo", a primeira de uma série pouco memorável que se prolongou até "Rio selvagem", em 1994.
Desde então, passou a selecionar cuidadosamente seus roteiros para, inclusive, não se afastar muito de sua casa em Connecticut, onde vive com seu marido, o escultor Donald Gummer - com quem está casada há 30 anos - e as quatro filhas.