UOL Entretenimento Cinema
 
19/02/2009 - 11h14

"Rio Congelado", com Melissa Leo, é forte e emocionante sem cair no exagero

SÃO PAULO - "Rio Congelado", que estreia em São Paulo e no Rio e está indicado a dois Oscar (atriz e roteiro original), é um filme para o presente - para tempos de crise econômica que se traduzem em melancolia. Com poucos recursos financeiros, seus personagens tentam sobreviver de todas as formas dentro da legalidade, mas chegam ao limite.

Divulgação
A atriz veterana Melissa Leo recebe sua primeira indicação ao Oscar, mas tem poucas chances de levar o prêmio
MAIS FOTOS DO FILME "RIO CONGELADO"
ASSISTA AO TRAILER DO FILME
SAIBA MAIS SOBRE AS ÚLTIMAS ESTREIAS DA SEMANA
JÁ ASSISTIU? DIGA O QUE ACHOU

Ray, interpretada por Melissa Leo ("21 Gramas"), vive numa região gelada na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá. Ela foi abandonada pelo marido, que levou o dinheiro da prestação de uma casa que estavam pagando. A poucos dias do Natal, ela precisa recuperar o dinheiro ou perde tudo, inclusive, o que já pagou.

Depois de tentativas frustradas de encontrar o marido, Ray conhece Lila (Misty Upham), uma nativa descendente de mohawks, que vive numa reserva indígena na região. A garota trabalha num bingo, mas enfrenta problemas porque ganha pouco e está perdendo a visão.

Uma série de desentendimentos acaba unindo as duas personagens num trabalho arriscado: atravessar imigrantes ilegais para os Estados Unidos pela fronteira de Quebec. Como o rio que une os dois países está congelado, elas não precisam passar pela ponte, onde certamente seriam barradas em algum posto policial.

Escrito e dirigido pela estreante Courtney Hunt, o filme tem ingredientes de suspense, mas combina também estudo de personagens com realismo social: Ray tem dois filhos, ganha pouco e está cansada de levar uma vida de privações; o marido de Lila morreu e seu filho de um ano foi tomado pela sogra. Todo o dinheiro que ganha é destinado à criança.

Ganhador do Grande Prêmio do Júri no Festival de Sundance do ano passado, "Rio Congelado" tem o perfil do cinema independente norte-americano, ou seja, baixo orçamento, história humanista e tema local com reflexo global.

A diferença deste para os demais que seguem a mesma cartilha está na forma como Courtney demonstra seus sentimentos pelos personagens.

Sundance, nos últimos anos, transformou-se numa grife de promoção para filmes tão diferentes quanto "Pequena Miss Sunshine" (2006) e "Amnésia" (2001). "Rio Congelado", porém, consegue elevar-se acima do selo de aprovação do festival ao deixar de lado o mero exercício de estilo para investir com força num drama mais pungente, colocando no centro seus personagens.

Somem-se a isso as interpretações acertadas de Melissa e Misty e o resultado é um filme forte e emocionante que trafega por caminhos tortuoso sem nunca cair no abismo do exagero nem da pieguice.

"Rio Congelado" é um filme pequeno, ciente da sua dimensão e, por isso mesmo, capaz de ultrapassar suas ambições.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

Compartilhe:

    Siga UOL Cinema

    Sites e Revistas

    Arquivo

    Hospedagem: UOL Host