HOLLYWOOD - Mickey Rourke e Robert Downey Jr. compartilham um histórico muito semelhante, um início promissor e uma queda no poço da carrerira por escolhas profissionais ou pessoais erradas, e principalmente uma indicação para o Oscar 2009 que representa uma verdadeira volta por cima hollwyodiana.
Mickey Rourke, de 56 anos, conseguiu uma indicação de melhor ator na 81ª edição do Oscar por seu papel de Randy "The Ram" Robinson, um lutador que se nega a deixar os ringues em "O Lutador". O filme de Darren Aronofski é considerado uma analogia com a própria vida do ator.
"Mickey Rourke é forte favorito porque há um quê de 'Rocky' nele, alguém que caiu em desgraça e conseguiu se recuperar, algo de que a Academia gosta muito", analisou Larry Gross, professor de comunicação da Universidade da Califórnia.
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"É muita ironia que eu faça o papel de um cara obcecado com um Oscar", comentou o ator de 43 anos, que foi indicado em 1993 por "Chaplin" e depois caiu no ostracismo por causa de seu vício, que o levou a várias idas e vindas no cinema durante dez anos. Sua dependência de tóxicos e crises de violência lhe valeram várias internações em clínicas de reabilitação e algumas passagens pela prisão.
Mickey Rourke também sofreu um revés quando estava na crista da onda em Hollywood por causa de seus excessos e uma paixão também decontrolada pelo boxe, o que desfigurou seu rosto.
Comparado a Marlon Brando graças a "O selvagem da motocicleta", atuou em filmes como "O ano do dragão" e "Coração satânico", e virou símbolo sexual nos anos 80 graças a "Nove semanas e meia de amor". Mas também fez coisas indefiníveis como "Orquídea Selvagem". Mas, em 1991, retomou sua carreira de boxeador que havia abandonado nos anos 70.
No início de 2000 tanto Rourke como Downey eram considerados casos perdidos, banidos pelos produtores e companhias de seguro. "Tentei lutar contra o sistema e foi o sistema que me venceu", comentou Rourke em janeiro, depois que "O lutador" lhe valeu um Globo de Ouro.
Antes desse papel, ele retomou a carreira com algum sucesso com "Sin City", de 2005, quando confessou que há 15 anos estava aceitando papéis em filmes que o faziam morrer de vergonha.
Downey fez um 'mea culpa' parecido, mas mais carregado de humor do que drama, quando, no Oscar 2007, declarou: "Os efeitos especiais nos permitem ver extraterrestres, experimentar outros universos, ver aranhas sobre as cidades. Mais ou menos como uma de minhas noites em meados dos anos 90".
Ao contrário de de Rourke, no entanto, Downey ainda fez alguns filmes de maior qualidade, como "Beijos e Tiros", e até se destacou num 'blockbuster' como "O homem de ferro".
Os dois atores contaram com o apoio de amigos para voltar a Hollywood. Downey se beneficiou particularmente da ajuda de Mel Gibson, com quem trabalhou em "Air America - Loucos pelo perigo", em 1990.
"Histórias como essas, de uma queda bem do alto, são apaixonantes para o público", diz Robert Thompson, professor de mídia audiovisul da Universidade de Syracuse. "Alguém que foi um grande astro, que nos encantava, e que se perdeu, também é parte do que queremos ver, sejamos honestos. Quando eles voltam, são personagens que conhecemos e que achamos interesses", conclui.