NOVA YORK - Raramente um filme indicado ao Oscar na categoria melhor documentário é um dos que mais agrada ao público. "O Equilibrista" (Man on Wire), o favorito ao Oscar de documentário no domingo, é exatamente isso. Ele pode ter arrecadado apenas US$ 3 milhões de bilheteria (na verdade, um bom número para um documentário), mas aparentemente todos aqueles que assistiram a ele gostaram.
No site agregador de críticas, o RottenTomatoes.com, o filme recebeu uma cotação perfeita de 100%. Isto é, dos 137 críticos que avaliaram o filme, nenhum deu a "O Equilibrista" uma crítica negativa.
"O Equilibrista" conta a história da travessia do equlibrista Philippe Petit entre as torres do WTC |
"O Equilibrista", dirigido por James Marsh, é sobre o andador na corda bamba Philippe Petit e sua missão de 1974 de caminhar por uma corda entre as torres do World Trade Center. Petit, um francês carismático, tinha uma forte ambição - antes mesmos de as torres estarem plenamente construídas - de atravessar de uma torre a outra por uma corda-bamba. "O Equilibrista" o acompanha relembrando o evento e sua execução improvável.
"É muito difícil não gostar do que Philippe fez mesmo se o filme não funcionar para você", disse Marsh em uma entrevista recente. "É preciso realmente se esforçar muito para não apreciar a coragem, a audácia e a beleza do que ele criou. Se você não gostar disso, você não está exatamente vivo da forma como deveria."
O fato de "O Equilibrista" ser tão empolgante e envolvente nem sempre foi tão evidente. O Festival de Cinema de Sundance quase não o aceitou, apesar de posteriormente os direitos de distribuição do filmes nos EUA terem sido adquiridos pela Magnolia Pictures, após o filme conquistar o prêmio do público e o prêmio do júri no festival do ano passado.
"Foi bastante difícil convencer as pessoas - particularmente na América - de que o filme poderia funcionar e ser viável", disse Marsh. "Em um nível, se trata de um homem caminhando em uma corda bamba, mas não é só isso. É uma história sobre os limites do que somos capazes de fazer como seres humanos."
Mas havia limitações à filmagem. O cenário, obviamente, não existe mais. E não existe nenhum vídeo da façanha de fato de Petit. Em vez disso, Marsh emprega "todo recurso cinematográfico que podia usar" para ilustrar a história. Trabalhando em conjunto com as entrevistas estão cenas recriadas, fotos e vários vídeos de antes e depois da proeza.
"Eu sempre prefiro que seja em primeiro lugar um filme, em segundo um documentário", disse Marsh. "Eu via o processo pelo qual ele chega lá como uma espécie de filme de assalto envolvente. Você espera que o público acompanhe você nesta jornada."
Na categoria melhor documentário, "O Equilibrista" enfrenta um relato sobre o furacão Katrina, "Trouble the Water"; a viagem de Werner Herzog à Antártida, "Encounters at the End of the World"; "The Garden", sobre um jardim comunitário na região South Central de Los Angeles; e "The Betrayal", que acompanha a vida de uma família do Laos após a Guerra do Vietnã.
Formado em Oxford e ex-pesquisador da BBC, Marsh já documentou assuntos como o assassinato de Marvin Gaye, os hábitos alimentares de Elvis Presley e John Cale, músico do Velvet Underground. Em 1999, ele fez um documentário dramatizado chamado "Wisconsin Death Trip", sobre uma pequena cidade em Wisconsin que sofreu uma epidemia de assassinato, suicídio e insanidade nos anos 1890. Seu filme de ficção de 2005, "The King", foi estrelado por Gael Garcia Bernal e William Hurt.
Mas "O Equilibrista" é o filme que o projetou. Ele credita seu sucesso ao feito empolgante de Petit, "a coisa mais próxima de um milagre que você pode ter sem intervenção divina".
Tradução: George El Khouri Andolfato