Pequim - A censura chinesa se rendeu hoje às oito estatuetas que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood concedeu ao filme "Quem quer ser um milionário?" e decidiu que será uma das 20 produções estrangeiras que exibirá, por ser "saudável e inspirador", apesar de seu conteúdo de denúncia.
O longa-metragem, dirigido pelo britânico Danny Boyle e o indiano Loveleen Tandan, estreará na China no final de março ou início de abril, informou Weng Li, porta-voz da China Film Group Corporation (CFGC), a estatal que aprova ou nega o acesso de fitas estrangeiras às salas chinesas.
"Seu valor artístico já foi demonstrado pelos prêmios Oscar. Seu tema é positivo, saudável e inspirador", afirmou Weng Li à agência estatal de notícias "Xinhua", evitando mencionar o fato de o filme ter gerado polêmica na Índia por ser considerado uma mostra ofensiva da miséria, da prostituição e dos favelados indianos.
A atitude do Governo chinês difere de sua sensibilidade em relação à imagem da China mostrada nos filmes estrangeiros, com cortes em produções como "Missão: Impossível 3", por considerar que ofendia Xangai.
Por outro lado, o valor artístico de um Oscar não é passaporte de entrada à China, já que o Governo do país só importa, todos os anos, cerca de 20 filmes para favorecer as produções locais, uma atitude criticada pelas distribuidoras estrangeiras, que pedem uma regulação de ordem internacional.
"Quem quer ser um milionário?" conta a história de um menino de rua de Mumbai que participa de um programa de perguntas e respostas com prêmio milionário.