11/9 (2002)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 5

Curiosamente, o título original "9/11" lembra o número de telefone que é usado nos EUA para chamar socorro e bombeiros, 911. Daí a ironia. Confesso que sou culpado por não ter assistido antes este documentário, mas juro que não tive coragem, nem companhia adequada até então. E fiquei estarrecido. Não imaginava que fosse tão bom. Sabia que eu ia acabar chorando, mas não tanto, nem com tanta freqüência. Nem que o documentário era tão excepcional, tão bem feito, tão emocionante.

É impressionante como o destino estava presente, fazendo com que a dupla de irmãos franceses que estavam gravando um documentário sobre recrutas que treinam para ser bombeiros, de repente estavam no meio da tragédia, um fora (registrando o que sucedia nas ruas) e outro dentro, de tal maneira que fica entre os escombros, na escuridão e com a luz da câmera servindo de guia para conseguir escapar. Ou seja, como documentário tem não apenas imagens inestimáveis e inesquecíveis, como a intuição de estar na horacerta no lugar certo. E tudo se arruma: o reencontro dos irmãos que se supunham mortos, o destino do novato desaparecido.

Se tem algum defeito,seria se prolongar um pouco ao final, mostrando também os escombros e caindo em um par de frases patrioteiras (mas compreensíveis no calor da contenda). E tudo isso sem exageros ou violências (recusam se a mostrar pessoas em chamas e não se vê nenhum corpo caindo do prédio, bastante discreto e com bom senso, um total milagre). Mas as imagens do lugar destruído, certas explicações (eles não sabiam que a primeira torre tinha caído), algumas imagens realmente notáveis (que justificam todo o gênero documentário), tudo isso realmente o legitima como uma obra-prima que todos precisam ver (tudo transformado em poeira, inclusive corpos, máquinas, computadores - uma das imagens mais claras e terríveis da fragilidade humana).