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Ficha completa do filme

Comédia Romântica

(500) Dias Com Ela (2009)

Márcio Ferrari

Márcio Ferrari

Colaboração para o UOL 25/08/2010
Nota: 2

É mau sinal quando um filme começa com uma autodefinição. Um pouco pior quando se define negativamente. E ''(500) Dias com Ela'' abre com a seguinte frase: ''Esta é uma história de garoto encontra garota. Mas não é uma história de amor.''

Para começar, nada indica que o filme seja qualquer outra coisa além de uma história de amor. Provavelmente se quis dizer que a intenção foi fazer uma comédia romântica ''diferente''. A suposta grande diferença é que não termina do modo habitual. Mas nada mudaria essencialmente se terminasse de modo mais convencional.

A outra ''novidade'' é que, ao contrário de todas as comédias românticas que se baseiam na científica teoria de que os homens são de Marte e as mulheres são de Vênus, nesta aqui o garoto quer compromisso e garota não; ele gosta de discutir a relação e ela não. Mais uma ''ousadia'': a história é contada segundo os dias da relação, fora de ordem, mas nem tanto (e não todos os 500, felizmente). É tudo bem organizadinho.

De resto, estamos diante de uma típica comédia romântica, com a cena do protagonista dançando na rua depois da primeira noite, o bate-boca seguido de reconciliação no meio da madrugada, os amigos que comentam a relação, o casal fazendo ''loucuras'' (como brincar de casinha numa loja de móveis e gritar repetidamente a palavra ''pênis'' no meio do parque) e o momento de desilusão em que um deles conclui que ''o amor não significa nada''. Mas há também a demonstração de que o amor não só significa como transforma: o jovem arquiteto acomodado em seu emprego de redator de cartões (nada mais romântico que o correio) é estimulado pela namorada a retomar sua vocação inicial. A única coisa realmente inesperada é que a conselheira sentimental do herói é sua experiente irmã de cerca de 10 anos de idade (originalidade a qualquer custo).

O casal se aproxima quando ambos descobrem que são fãs dos Smiths, e daí para frente os sinais de bom gosto entre os dois se dá por uma lista enorme de referências artísticas que atribuem um novo significado à expressão marketing cultural. Só para citar algumas: Clash, Pixies, René Magritte, Edward Hopper, ''A Primeira Noite de um Homem'', Joy Division, Alain de Botton, Oscar Wilde, Nancy Sinatra, Belle & Sebastian, os arquitetos Walker e Eisen, Ringo Starr (a única divergência de gosto entre o casal): tudo bem manjado.

Os atores em geral, e os protagonistas Joseph Gordon-Levitt e Zooey Deschanel em particular, são bons e conferem alguma densidade à condução funcional e limpinha do diretor Marc Webb, estreando no longa-metragem depois de uma extensa carreira no videoclipe. Diga-se pelo menos que a embalagem é agradável e que o filme passa rápido.

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