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Ficha completa do filme

Drama

A Canção de Bernadette (1943)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 4
A Canção de Bernadette

É muito querido e cultuado esse clássico drama religioso, originalmente da Fox, baseado no best-seller de Franz Werfel e que rendeu o Oscar para Jennifer Jones em seu primeiro papel no cinema (ela havia feito antes apenas papéis pequenos usando seu nome real, Phylis Isley). Uma premiação correta, pois é a verdade e sinceridade de seu retrato da humilde adolescente elevada a santa em vida que torna o filme tão comovente e belo, muito superior a outros similares.

O diretor Henry King (1886-1982) soube dar à história o tom correto, nem solene nem banal, dosando a dramaticidade e fazendo Jennifer representar de forma simples e contida a fé de Bernadette, sua luta contra a incredulidade, seu romance com um camponês local, as fraquezas e ambições de seus opositores. Tudo muito sóbrio e digno.

Mais do que apenas um filme sobre um mito cristão, é um retrato da fé pura e que tornou famosa a máxima para os que crêem nenhuma explicação é necessária, para os que não crêem nenhuma é possível. Também o elenco de coadjuvantes foi importante para o bom resultado final: Anne Revere, Gladys Cooper, Charles Bickford (todos indicados para o Oscar de Coadjuvantes) e Vincent Price como o líder dos opositores de Bernadette.

É excepcional ainda a Trilha Musical de Alfred Newman, vencedora do Oscar e que se tornaria a primeira a ser lançada comercialmente em disco (isso já havia ocorrido também com "Mowgli, O Menino Lobo", de Miklos Rozsa, que porém continha mais narração e diálogos do que propriamente a música do filme).

Curiosamente a trilha ia ser feita inicialmente por Igor Stravinsky, que não agradou e acabou sendo substituído por Newman, um dos mais brilhantes e prolíficos compositores da história do cinema. Outra curiosidade: as pequenas aparições da Virgem Maria no filme obviamente pediam uma atriz desconhecida e não-identificada, mas Darryl Zanuck, o manda-chuva da Fox na época, insistiu em usar a nada santa Linda Darnell (que apesar de geralmente interpretar ingênuas tinha a pior fama possível), provocando estupefação geral e a ira do autor Werfel, que chegou a ameaçar retirar seu nome dos créditos.

É um belíssimo filme, que pode comover até os incrédulos de coração mais duro. Ganhou ainda os Oscars de Cenografia e Fotografia em Preto e Branco e foi indicado a Melhor Filme, Diretor, Roteiro, Montagem e Som. Boa cópia, mas não a restaurada americana, lançada em DVD que traz ainda trilha de comentários, documentário sobre Jennifer Jones, noticiário da época e comparação da restauração.

Jennifer era na época casada como ator Robert Walker, de quem se divorciaria para ficar com seu descobridor e pigmalião, o produtor David O. Selznick, com quem ficaria o resto de sua vida (Walker se mataria de tanto beber). Ou seja, santa também não foi.

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