A Classe Dominante (1972)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 27/07/2009

Nota: 4

Produzida pelo famoso ator Jack Hawkins, esta sátira adapta uma peça teatral de Peter Barnes, que concorreu a Cannes, ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro e valeu uma indicação ao Oscar para Peter O´Toole. No auge, o ator nunca ganhou, apesar de oito indicações. Ganhou apenas um Prêmio Especial, em 2003.

O filme teve bastante prestígio na época e acabou virando cult. Não é perfeito, podia ser mais reduzido, tem final esticado e seu humor é demasiadamente britânico nos detalhes. A trama é bastante confusa e, de vez em quando, tem intervalos musicais que nem sempre funcionam. Ele dança o Varsity Drag, uma valsa e canta musicas folclóricas.

Mas tem um humor ferino e ácido ao retratar a nostalgia que os britânico ainda têm dos bons tempos do Império, quando mandavam no mundo. Começa com a morte do Conde (numa situação que faz pensar em David Carradine, em condições parecidas) e depois de vinte minutos finalmente entra O'Toole, que chega com cabelos longos e ruivos, como se fosse Jesus Cristo. Ele dorme de pé numa cruz e acha que realmente é Deus. Seu comportamento é hilário e o ator deita e rola, com direito a tudo.

As tramas em volta dele são complicadas e conspiratórias. Tem um tio que deseja a fortuna, um mordomo bolchevique, rebelde e alcoólatra, uma tia cínica e prática, um médico estrangeiro que tenta ajudar o herói com terapia de choque e a noiva que é amante do tio e chega a fazer strip-tease olhando para a câmera.

Uma direção criativa no que é o melhor trabalho do diretor Medak (apesar de certos clichês da época, como o uso de zooms) e uma resolução muito forte (é inesquecível a cena na Câmara dos Lordes em que todos são múmias cheias de teias e a inteligente resolução com outro ícone da Inglaterra, o Jack o Estripador). Como se sabe, sátira não é para qualquer publico. Mas quem gosta do gênero, precisa descobri-lo.