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Ficha completa do filme

Drama

A Conspiração (2000)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 3
A Conspiração

Política é um tema que interessa pouco ao público tradicional do cinema. Em particular, a norte-americana. É difícil se pensar num filme sobre o tema que tenha sido bem sucedido, artisticamente ou comercialmente. Enfim, quase todos foram fracassos de bilheteria, todos foram bastante corajosos em denunciar as mazelas do sistema. Mas o público em geral já é tão desiludido com a política e os políticos que em princípio não se interessa por esses temas.

Esta fita ainda tinha a atração de ter tido duas indicações ao Oscar, de Atriz (para Joan Allen, veterana da prêmio, já indicada antes por "Bruxas de Salem" e justamente por "Nixon") e de Ator Coadjuvante (Jeff Bridges, um ator muito irregular, que desta vez está em bom momento). Produzido originalmente pela Dreamworks de Spielberg (foi a primeira fita independente que eles compraram para distribuir mas só depois de mexerem na edição cortando uma trama paralela com o pai da heroína). O filme poderia trazer uma premissa interessante, talvez mais adequada para um telefilme. É a história de um presidente americano (Bridges) que diante da morte de seu vice-presidente resolve indicar para o posto uma mulher, uma senadora por Ohio (Allen).

Ainda uma ousadia que nunca sucedeu no sistema americano. Isso acaba sucedendo mas provoca também a ira de um velho líder político conservador (feito por Gary Oldman numa de suas curiosas composições de personagens mais velhos que tem feito nesses anos, aliás de maneira irretocável. Neste caso ele também assina como produtor executivo).

Mas esse velho inimigo está disposto a destruir a possível vice-presidente e consegue desenterrar um caso antigo, onde ela no seu tempo de faculdade teria participado de uma orgia com vários homens. Mas não espere escândalos, tudo será discutido com postura diante da Constituição, do direito dela de não se defender, de recusar a descer ao nível do acusador.

Ou seja, é um thriller político que também é austero, pretende ser honesto e guarda para o último momento a maior revelação. Mas nada de muito chocante. Na verdade, foi escrito e dirigido por Rod Lurie (que parece ser obcecado pelo assunto), que consegue uma interpretação homogênea de um impecável elenco. O problema com Joan é que ela nunca chega as grandes cenas que poderiam ter lhe dado o Oscar.

O DVD norte-americano da fita vem com as cenas cortadas e acho que erraram em reduzir uma trama paralela que existia com o pai dela, político veterano que está com medo de que descubram uma antiga falcatrua de que é culpado e outros problemas familiares, que ajudavam a dar uma dimensão mais humana ao personagem. Do jeito que está agora, a gente nunca chega a gostar ou se afeiçoar ao personagem. Portanto, fica difícil torcer por ela. Ainda assim, Joan é uma atriz de primeira linha (embora um pouco fria). Ainda assim duvido que haja um grande público ansioso para ver esse tipo de assunto tratado dessa maneira tão politicamente correta e sóbria.

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