A Costela de Adão (1949)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 4

"A Costela de Adão" é o sexto e talvez o melhor dos filmes com o casal Katharine Hepburn (1907-2003) e Spencer Tracy (1900-67). Como já havia ocorrido em "A Mulher do Dia", o primeiro filme com ambos, cinco anos antes, "A Costela de Adão" era um projeto entre amigos, com roteiro (indicado ao Oscar) de Garson Kanin e Ruth Gordon sob medida para o casal e direção de George Cukor.

Aqui há ainda o luxo extra de uma canção especialmente composta por Cole Porter, também amigo de Katharine, a nada memorável "Farewell Amanda".

Em linhas gerais, o filme conta uma história até convencional, de luta entre os sexos, em que uma advogada e um promotor, casados e felizes, começam a brigar devido a um caso de tentativa de homicídio causada por adultério que ela defende apaixonadamente, vendo-o como uma demonstração da parcialidade da lei em favor dos homens.

Mas o roteiro recheia isso com muito humor e ironia, e a situação é encenada com três excelentes coadjuvantes. Tom Ewell é o marido enganador, Jean Hagen interpreta a amante burra, e Judy Holliday (1922-65) é a mulher traída, em atuação que lhe valeu uma indicação ao Globo de Ouro.

Holliday está hilária e rouba todas as cenas em que aparece (com as bênçãos de Kate, que a admirava e generosamente pediu para Cukor beneficiá-la quando contracenavam). A atriz já havia feito com sucesso "Nascida Ontem" no teatro, papel que a fez a Columbia Pictures a contratar para esse filme _e ela ganhou um Oscar pelo filme no ano seguinte.

"A Costela de Adão" é uma comédia sofisticada, clássica, imperdível, que envelheceu perfeitamente bem. Faz parte do Box Coleção Katharine Hepburn.