A Difícil Arte de Amar (1987)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 4

Baseado em livro autobiográfico da jornalista Nora Ephron, filha de famosos roteiristas de cinema e que depois se tornou também uma consagrada roteirista e diretora, em fitas como "Sintonia de Amor" e "Mens@gem para Você".

Antes disso ela escreveu este best-seller contando seu casamento com o famoso jornalista Carl Bernstein (do caso Watergate). Jack Nicholson entrou tarde no projeto, quando Mandy Patinkin não funcionou. Sob o comando do experiente Mike Nichols ("Angels in America"), os dois astros estão controlados (ao que parece, eles tiveram um romance secreto durante as filmagens, e a intimidade entre eles se nota).

Os nomes dos personagens estão mudados e as revelações sobre a vida profissional deles é mínima. Na verdade, o roteiro não tem a preocupação em contar a história em detalhes, fixando-se mais em situações. Os dois se conhecem, logo se casam (uma das seqüências mais divertidas é a dúvida dela antes de entrar para cerimônia). Mudam-se para Washington, têm dificuldades com a reforma de uma casa velha (tipo "Um Dia a Casa Cai").

Convivem com a aborrecida vida social da Capital. Nasce o primeiro filho e, no meio da segunda gravidez, surge a grande crise (ela descobre que ele a está traindo com outra). Seria uma história banal, não fosse o casal de monstros sagrados. Jack e Meryl têm um momento magistral quando começam a cantar canções que têm a palavra baby na letra (assim que sabem que vem o primeiro filho), com destaque para o solilóquio de Carrossel.

Meryl, de cabelo curto e preto, parece ter nascido para filmes leves. Uma ótima fotografia do mestre Nestor Almendros e uma canção famosa de Carly Simon (que também assina a trilha), "Coming Around Again". Estréia no cinema de Kevin Spacey, como um passageiro no Metrô que rouba o grupo de terapia de Meryl. E a presença marcante do diretor tcheco Forman, como Dmitri. Endereçado ao público feminino, o filme ganhou com o tempo o status de cult.