UOL Entretenimento Cinema

Ficha completa do filme

Comédia, Romance

A Dona da História (2004)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 4
A Dona da História

"Isto é um filme!", diz Carolina madura (Marieta Severo). "O quê?", pergunta Carolina jovem (Débora Fallabella). "Isso que a gente vive. A vida é como um filme que se vê no cinema", completa Marieta. É assim que começa este brilhante filme de Daniel Filho, que é vida e cinema da melhor qualidade.

Provavelmente o melhor filme de sua carreira, mais redondo, mais bem sucedido do que o anterior "A Partilha". Ambos partiram de textos teatrais, mas a peça homônima de João Falcão era bem mais difícil de adaptar, porque foi construída em cima de duas atrizes (Marieta Severo e Andréa Beltrão, que ficou madura demais para repetir a personagem no cinema) fazendo o mesmo papel de Carolina em duas fases diferentes da vida, jovem e quase cinqüentona.

O roteiro para cinema (feito por Daniel, Falcão e ainda com a colaboração de João Emanuel Carneiro e Adriana Falcão) dá vida aqueles que antes eram apenas mencionados. Vai mostrando as duas vidas paralelas, a Carolina madura em crise porque os filhos já saíram de casa e agora vai vender o apartamento grande para realizar finalmente o sonho de viajar e a jovem Carolina, cheia de sonhos, garota de Ipanema, que gostaria de ser uma atriz famosa e tem o difícil privilégio de se defrontar com ela mesmo 30 anos depois.

O que pode parecer difícil num resumo resulta lindamente na tela. Embora seja experimentado diretor de televisão, em momento nenhum Daniel faz novela. É puro cinema. Se dá ao luxo de fazer deliciosas citações (como o primeiro encontro do casal que emula o de "West Side Story"), de reciclar canções antigas (até mesmo a que Antonio Carlos Jobim fez para outro filme, "A Casa Assassinada") e conduz com perfeição um elenco sem falhas (Rodrigo Santoro e Antonio Fagundes interpretam momentos diferentes do namorado-amigo e Marieta tem o melhor momento de sua carreira).

Mas todos estão bem (até mesmo Fernanda Lima de quem não se esperava muito. Ou nada). "A Dona da História" é comédia, é crítica de costumes, é bom texto, é muita coisa mas principalmente um filme de amor assumido. Que Daniel, apropriadamente dedica a seus pais que estão casados a 70 anos. O cínico finalmente se rende ao romantismo. E o resultado é delicioso.

O filme teve boa bilheteria nos cinemas mas não ultrapassou a cifra de um milhão e trezentos mil, porque muita gente não entendeu o conceito do filme de que duas atrizes faziam o mesmo papel em idades diferentes. O que é um assustador sinal de como as pessoas estão emburrecendo.

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