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Ficha completa do filme

Drama, Romance

A Essência da Paixão (2000)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 2
A Essência da Paixão

Apesar do lobby, os prêmios ignoraram o trabalho de Gillian Anderson estrelando este drama de época, que foi muito elogiado por alguns críticos, mas não conseguiu impressionar nem o público, nem a Academia.

Dá para entender porque. Ao fazer seu primeiro filme de época, ou seja num estilo semelhante aos trabalhos de James Ivory, o diretor inglês Terence Davies perdeu a mão, fez um trabalho bonito, caprichado, mas frio e distante.

Na verdade, Davies impressionou enquanto estava falando de sua autobiografia na classe média inglesa dos anos 50, em fitas muito sensíveis como "Vozes Distantes/ Distant Voices, Still Lives", 1988, e "O Fim de um Longo Dia/ The Long Day Closes", 1992. Mas já errou quando fez seu primeiro filme nos Estados Unidos, baseado em obra alheia ("Memórias/ The Neon Bible", 1995, com Gena Rowlands).

Ficou ainda mais impessoal neste filme, onde adaptou um livro de Edith Wharton (Martin Scorsese adaptou dela "A Época da Inocência"), que tem certa semelhança com as obras de outro escritor contemporâneo dela, Henry James. Portanto, os mais experientes já sabem o que esperar: uma narrativa lenta, uma direção de arte bem cuidada, uma trama romântica e um pouco antiquada.

Neste seu primeiro papel estrelar depois da série "Arquivo X", Gillian parece extremamente desconfortável de espartilho e roupa pesada, num personagem que nada tem a ver com o seu tipo ou imagem. Para piorar, seu personagem é antipático, desagradável e impossível de se identificar com ele.

A história se passa na virada do século 19 para o 20, em Nova York, quando uma jovem bonita, mas sem fortuna (o que é complicado numa época de dotes e jogos de interesse), tenta arranjar um casamento adequado na alta sociedade. Mas toma algumas decisões erradas, acabando por interferir na ligação adúltera entre um jovem (Eric Stoltz, particularmente inexpressivo) com uma mulher casada (a ótima e versátil Laura Linney, que concorreu ao Oscar por "Conte Comigo/ You Can Count on me").

É quase uma anti-heroína, pouco esperta para se dar bem, não suficientemente romântica para vivenciar um grande amor ou paixão. Um personagem realmente ingrato para se basear um filme, que é basicamente uma recriação de época e costumes, ainda por cima como uma conclusão nada popular. O filme é para uma faixa de público mais específico: as pessoas interessadas nos meandros da alma feminina.

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