A Força de um Amor (1983)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 3

O título nacional tem uma história. Como pouco antes o astro Richard Gere tinha feito sucesso com o filme "A Força do Destino", o distribuidor resolveu investir num título parecido, embora tenha pouco a ver (o certo foi "A Força do Amor" e não como está).

Na verdade, esta é uma refilmagem americana e bastante diferente do clássico "Acossado"/ "A Bout de Souffle", 1959, de Jean Luc Godard, com Jean Paul Belmondo e Jean Seberg, cujo argumento é creditado também a Truffaut. A história de um pequeno gangster em Paris que se envolve com americana que vende jornais nas ruas. Era uma homenagem aos filmes B americanos e principalmente um exercício de linguagem.

Agora tudo se inverteu, é uma estudante francesa em Los Angeles que se envolve com um pequeno bandido americano (feito com toda energia e exuberância por Gere). A garota era uma jovem promissora da época chamada Valerie Kaprisky que acabou se tornando mera coadjuvante hoje em dia.

Quem o dirigiu foi um cineasta vindo da vanguarda americana (que por acaso também fala português porque estudou no Brasil) que depois não fez a carreira que merecia (dirigiu também Dennis Quaid em "As Feras do Rock" ou "The Big Easy").

Mas a fita é muito melhor do que você pode imaginar. Com uma liberdade que o cinema hoje está perdendo, conta o amor impossível e anárquico, com referências a quadrinhos. Na história, Jesse (Gere) tem que sair de Las Vegas, rouba um carro e vai para Los Angeles. Mata um policial, encontra Mônica e a violência vai aumentando. Tem pouco a ver com o original, mas é uma fita bem interessante.

Atenção para a cena mais famosa: a dupla em fuga se refugia num fundo de um cinema, por trás da tela, onde está sendo exibida uma fita justamente sobre dois fugitivos jovens, o clássico "Mortalmente Perigosa"/ "Gun Crazy" ou "Deadly is The Female", 1949, com Peggy Cummins e John Dall.