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Ficha completa do filme

Drama

A Garota do Parque (2007)

Edilson Saçashima

Edilson Saçashima

Do UOL Notícias 18/12/2009
Nota: 3
A Garota do Parque

''A Garota do Parque'', que chega às locadoras pela Califórnia Filmes, é um daqueles dramas psicológicos em que a sutileza é essencial para expressar sentimentos complexos sem cair na pieguice ou, no extremo oposto, na incapacidade de tornar compreensível o seu recado. Para isso, o filme escrito e dirigido por David Auburn conta com o talento de Sigourney Weaver, que vive uma mãe que enfrenta as cicatrizes emocionais pelo desaparecimento de sua filha de três anos. No entanto, algumas cenas de difícil explicação colocam todo o trabalho em risco.

O filme acompanha a personagem Julia Sandburg, vivida por Weaver (a tenente Ripley da série ''Alien''), 15 anos após o acontecimento trágico do desaparecimento de sua filha. Vemos na interpretação de Weaver a mistura de resignação, amargor e uma dor anestesiada pelo tempo. Louise (Kate Boswort), no entanto, surge na vida de Julia e se torna uma espécie de personificação da filha que a atordoada mãe jamais teve oportunidade de criar.

Nesse momento, se estabelece uma relação conflituosa de atração e repulsa entre as duas personagens. Julia frustra-se com o comportamento problemático de Louise, que por sua vez revela uma sutil dubiedade em relação às suas reais intenções em se aproximar da mulher traumatizada.

A relação das duas mulheres vai se estruturando em torno de elementos afetivos como carência e vazio existencial que fazem de ''A Garota do Parque'' um sugestivo estudo sobre a psique humana.

No entanto, o trabalho com os personagens é atropelado por pequenas ações de difícil compreensão. A forma como Julia e Louise se encontram é um desses momentos. Julia é cúmplice de Louise, quando esta tenta sair de uma loja com óculos roubados. Em um primeiro momento, não parece haver nada que justifique a atitude de Julia. Soa como uma cena fora do tom. O encontro, fundamental para o desenvolvimento da trama, parece uma grande trombada em um trabalho essencialmente de toques suaves.

É verdade que muitas das ações de Julia podem ser vistas como atitudes incompreensíveis. Em um determinado momento, ela se dirige ao parque e começa a brincar com as crianças de outras mães. Sabemos de sua história e ficamos tocados. Mas as outras personagens apenas a vêem como uma ameaça a suas crianças. Talvez devêssemos nos questionar se não teríamos a mesma reação.

Todos julgamos a partir de determinados valores e somos cegos em relação a outros. ''A Garota do Parque'' realça essas cegueiras, da incapacidade de compreender o outro. A incompreensão é entendida aqui como um obstáculo para atingir a felicidade plena. São esses entraves que vão se revelando em ''A Garota do Parque'', principalmente pelo trabalho das atrizes, que conseguem dar consistência em um roteiro irregular.

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