Patético, inseguro, desagradável, impulsivo, repulsivo, instável, fracassado, beberrão. São inúmeros os adjetivos possíveis para descrever Barney Panofsky, personagem vivido por Paul Giamatti. Seja qual for o viés adotado, Barney é simplesmente o homem comum cuja existência pouco memorável é retratada em "A Minha Versão do Amor".
Barney é um produtor de TV que enfrentou três casamentos, mas é incapaz de permanecer em um relacionamento, seja por ser refém de seus impulsos, seja pela inabilidade em lidar com algumas situações. Seu histórico seria suficiente para colocá-lo na galeria de personagens desagradáveis do cinema, mas não é o que acontece. Giamatti dá diversas camadas a ele e revela um ser complexo e denso - o ator ganhou o Globo de Ouro por seu trabalhi no filme.
Paralelamente, ele tem como melhor amigo um sujeito boa pinta e "bon vivant" que serve como contraponto ao "fracassado" Barney.
Mas seria a existência patética e melancólica de Barney o pior que a vida tem a oferecer? O cineasta Richard J. Lewis, estreante em longas metragens, acredita que não. Apesar dos fracassos e frustrações, ainda assim a vida de Barney tem seu encanto.
O recado fica claro com o desaparecimento de seu melhor amigo em um suposto assassinato cujo principal suspeito é Barney. A morte de seu principal "rival" amoroso não traz alívio à existência pouco memorável de Barney. Ao contrário, ela vai desencadear o momento em que a sua vida torna-se cada vez mais sombria.
Tudo porque, apesar de tudo, a vida de Barney é única, mesmo que com seus altos e baixos (mais baixos que altos, diga-se). Pior seria se não tivesse vivido ou tido consciência de sua existência. Esse é o recado do final melancólico e um tanto dramático do filme.
O problema é que o filme não consegue manter equilíbrio entre os dois primeiros terços da projeção, quando nos deparamos com as desventuras amorosas de Barney, e a parte final, quando a obra fica centrada na morte do amigo do protagonista.
No entanto, a essa altura, "A Minha Versão do Amor", baseado no livro "A Versão de Barney", do escritor canadense de origem judaica Mordecai Richlei, já deve ter tocado o espectador. O final, só deve ajudar a incentivar algumas lágrimas a rolarem.
Entre os pontos a serem destacados do filme estão a maquiagem, que ressalta as diferentes idades dos personagens e foi indicada ao Oscar deste ano e a participação especial de Dustin Hoffman, impagável como o pai politicamente incorreto de Barney.