A Mulher do Dia (1942)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 4

Quando aceitaram fazer juntos essa comédia romântica na Metro, Katharine Hepburn (1907-2003) e Spencer Tracy (1900-67) não se conheciam pessoalmente. Mas a sintonia na tela e na vida real foi imediata, onde a parceria se estenderia por mais oito filmes e até a morte de Spencer.

Com essa paixão, o filme ganhou maior química, com as evidentes faíscas entre os dois. O divertido roteiro (ganhador do Oscar) de Ring Lardner Jr. e Michael Kanin, dirigido com maestria por George Stevens, brinca habilmente com as dificuldades de relacionamento entre uma célebre comentarista de política internacional, que parece não ter vida privada e estar sempre rodeada de celebridades, e um bonachão e relaxado repórter esportivo, que quer que ela tenha uma vida mais normal e menos pública.

Claro que ambos fazem tudo com absoluto domínio e brilhantismo (a seqüência de Kate tentando cozinhar é antológica, certamente tendo ajudado-a a obter outra indicação ao Oscar), ironicamente mostrando um pouco do que seria o relacionamento do casal na vida real, onde a irascível Hepburn seria sempre paciente e submissa, até em detrimento da própria carreira, em relação ao difícil Tracy (que, além de casado, era também alcoólatra e tinha saúde ruim devido à bebida).

Uma grande comédia, abordando com leveza e humor questões interessantes, e um dos melhores filmes (se não o melhor) do mitológico casal. Faz parte do box "Coleção Katharine Hepburn". Nos anos 90 foi transformado em show da Broadway e estrelado por Lauren Bacall. Edição muito pobre, com um subtítulo, "Uma Mulher Muito Importante", inventado e originalmente inexistente.