A Odisséia Musical de Gilberto Mendes (2006)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 3

Uma homenagem ao compositor Gilberto Mendes, realizada por seu filho Carlos Mendes (que fez roteiro, produção, edição e co-direção de fotografia). Não pensem que por ser um filme em família isso diminua as qualidades do resultado, muito pelo contrário.

Sensível, oportuno, sincero, o trabalho de Carlos não é apenas um registro das obras fundamentais da Música Nova criadas pelo pai (e que resultam muito bem na tela, até porque o tempo demonstrou que seu trabalho era ousado, diferente, mas principalmente talentoso e adiante de seu tempo).

É principalmente um retrato de um artista e sua circunstância, no que acaba sendo o melhor retrato cinematográfico de um artista contemporâneo.

Confesso que não consigo deixar de ser pessoal na avaliação do documentário e meditar no fato de que, desde que me conheço por fã de cinema e que ia freqüentar as sessões do antigo Clube de Cinema de Santos, por mais obscuro que fosse o filme ou a programação lá estava o Gilberto, sempre acessível e interessado.

Não deixa de ser uma justiça divina que justamente esse Gilberto tenha se tornado pai não de um, mas de dois diretores de cinema (o outro, Odorico Mendes, que milita no cinema publicitário tem outro filme quase pronto e do qual justamente Gilberto escreveu a trilha musical. No documentário vemos alguns momentos dele).

Como santista é difícil negar a impressão que o filme me causou. Ver a cidade, as pessoas, as situações que a gente bem conhece, tão bem retratadas. Acho que Carlos conseguiu realizar uma homenagem ao pai da forma mais correta, sem exageros ou excessos, mas captando sua simplicidade, sua competência, porque não dizer genialidade.

O que no fundo acho que todo filho, principalmente quando já maduro, gostaria de fazer ao pai. Eu me emocionei vendo o filme e todos os que gostam de música, de Gilberto, de Santos, devem sentir o mesmo.