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Ficha completa do filme

Drama

A Outra Face da Raiva (2005)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 3
A Outra Face da Raiva

Para o espectador comum, o que impressiona é como Kevin Costner envelheceu e está perdendo o estrelato. Este é o tipo do filme que se tivesse dado certo, poderia dar uma indicação ao Oscar para sua estrela Joan Allen (que já teve três indicações) e até mesmo Costner (seu papel, apesar de subsidiário, é importante e ele se sai bem, considerando suas limitações). Mas lançado no começo do ano, tem tudo para ser esquecido.

A figura chave no projeto é Mike Binder, que é um ator (aqui ele faz de forma até marcante o personagem mais curioso, o produtor do programa de rádio de Kevin, que tem um caso com uma garota muito mais jovem, a filha de Joan, feita por Erika Christensen). Até agora confesso que ele nunca tinha me impressionado apesar de uma carreira até longa.

Ele foi comediante de stand-up, teve até show próprio na HBO. Escreveu muitos roteiros (como "O Cadilac Azul"/"Coupe de Ville", 1990; "Cruzando a Fronteira"/"Crossing the Bridge", 1992; O" Melhor Verão de Nossas Vidas"/ "Indiana Summer", 1993, que também dirigiu). Também dirigiu inéditos aqui ("The Search for John Gissing", 2002; "Londinium", 2001 e agora "Man About Town", com Ben Affleck, 2005).

Pela amostra dá para sentir que Mike é um roteirista sensível, adepto de temas humanos e que aborda aqui uma história com toques autobiográficos (sua mãe sofreu muito com o divórcio e ele concebeu o filme como uma parábola sobre a raiva, sobre coisas na vida que as pessoas odeiam por muito tempo e somente mais tarde se dão conta de que podem ter errado).

Ele escreveu o papel especialmente para sua amiga Joan Allen, com quem trabalhou em "A Conspiração"/ "The Contender". Ela é uma atriz ultracompetente, mas que tem um tipo e uma maneira de interpretar que são frias, um pouco distanciadas, ideais para vilãs. Acaba não tendo o fôlego para segurar uma protagonista, talvez porque lhe falte carisma ou mesmo simpatia. Não é uma pessoa doce como deveria, continua sempre coadjuvante. Não tem luz.

E o personagem é muito difícil. Uma mulher de meia idade que entra em crise quando marido some sem explicação aparentemente, deixando-a por uma secretária. Ela tem quatro filhas (de 15 anos em diante) para criar e todas têm problemas (o filme poderia ser uma versão moderna de "Little Women", o romance famoso de Louisa May Alcott, mas se perde quando não dá problemas financeiros para as mulheres, que continuam a ter o mesmo padrão de vida, coisas de Hollywood que derrubam um filme que deseja ser realista).

O foco maior seria em cima do relacionamento das meninas, todas elas boas atrizes jovens de Hollywood. A mais nova é Evan Rachel Wood, que tem a dura tarefa de relatar a moral da história. Todas são talentosas e promissoras. Mesmo que a história delas seja contada aos trancos e barrancos (o script coloca um namoradinho de Evan que se diz gay mas é uma situação não resolvida, melhor seria não ter mexido nisso).

O problema de Joan é o alcoolismo, já que como muito americano de classe média, essa é a fuga mais comum. Ela é cortejada pelo seu vizinho, que foi um astro do beisebol mas que está aposentado e lutando para manter-se com um programa de rádio e assinando autógrafos. E que também bebe muito. Os dois têm um romance complicado mas até interessante (o filme pretende ser uma comédia dramática o que nem sempre dá certo).

Kevin até inventa umas caras novas e uma persona mais humana e menos posada. Nada disso, porém torna o filme um sucesso, até porque ele interessa praticamente só ao público feminino. Não é filme de menino.

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