Menos ruim do que se temia, menos engraçada do que o trailer fazia supor, esta produção MGM (o filme foi rodado em maio de 2004) teve seu lançamento adiado porque o estúdio foi vendido para a Sony (mas saiu nos cinemas pela Fox).
Esta não é a primeira tentativa de se ressuscitar o Inspetor Clouseau e a franquia da Pantera Cor de Rosa. Houve uma primeira quando Peter Sellers teve uma de suas crises (Alan Arkin o substituiu mediocremente) e depois de sua morte, o próprio criador Blake Edwards tentou a sorte com Ted Wass e Roberto Begnini. Dois desastres completos.
Agora Blake está fora do projeto, mas continuaram com a música tema inesquecível de Henry Mancini e a figura da Panterinha nos letreiros (saudosa mas nada brilhante desta vez).
E o diretor (que é metido e assina: um filme de... como se alguém lembrasse que é esse tal de Shawn Levy, que cometeu aqueles fraquíssimos "Doze é Demais I e II", com o mesmo Steve Martin, além de "Big Fat Liar"/"O Grande Mentiroso", e antigamente o "Feita por Encomenda", com Whoopi Goldberg. Ou seja não é propriamente uma carreira gloriosa).
Enfim, o filme tem seus momentos exclusivamente por causa da presença de Steve Martin, que usa um bigodinho meio Hitler e usa um método de rir totalmente oposto ao de Sellers (que era espontâneo e inventivo, enquanto em Steve tudo é cerebral, foi planejado meticulosamente antes, é de fora para dentro. Ainda assim ele erra em gags com freqüência).
A história é meio boba. Kevin Kline (muito bom) assume o papel do chefe de polícia de Paris Dreyfus, que ansioso por ganhar uma medalha de honra, escolhe o policial mais incompetente da França para resolver o caso de um treinador de futebol que foi morto em pleno campo, quando usava um anel com o diamante Pantera Cor de Rosa (o fato dessa morte ter sido gravada em tape certamente, não é utilizada na história, que se esquece disso).
O filme custa um pouco a engrenar, repetindo piadas (ele procurando espiões atrás de cortinas, derrubando um globo de mapa, neste caso a utilização de piadas visuais funciona até certo ponto. Mas novamente se esquecem do globo que poderia render mais situações).
O problema realmente é constatar que o mundo piorou tanto nesses últimos tempos (e a comédia junto), que a novidade é quando Clouseau vai para dentro de um estúdio de gravação para soltar gases e tudo é ouvido pela sala inteira. Flatulência como humor realmente é apelação. Que continua depois quando ele perde uma pílula para sexo que caiu dentro da privada (e assim ele destrói todo o banheiro de hotel).
Nem tudo é mal sucedido. Tem uma seqüência divertida em que Clouseau tenta, em vão, perder seu terrível sotaque falando a palavra hambúrguer. Há outra em que aparece o James Bond (vivido e não creditado por Clive Owen, que na época parecia ser o escolhido para o personagem).
Também não sei se é boa idéia mostrar ao final que Clouseau não é tão bobo quanto parece (a identidade do criminoso é novamente fácil de descobrir). De qualquer forma, o filme se defende e como o público quer e precisa rir, teremos continuação pela frente. Espero que desta vez corrigindo e aparando as arestas.