A Pele (2006)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 2

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Sabiam da famosa maldição do Oscar? Pois contam que aquele que ganha o prêmio quase sempre passa a colecionar fracassos de bilheteria e de crítica. O fato é que são muitos os casos de premiados que sumiram.

A mais recente vitima é Nicole Kidman, que além de sofrer do mal de Botox (faz já algum tempo que perdeu qualquer expressão e ficou com uma permanente cara de espanto), agora se perde em fitas como esta, que foi enorme fracasso nos Estados Unidos.

Mas o que se podia esperar? Já pelo roteiro seria possível perceber que se tratava de um filme arriscado, de difícil compreensão e com excesso de pretensões. Não faltou ousadia ao diretor Steven Shainberg e à roteirista Erin Wilson (que já haviam feitos juntos o estranho mas interessante "Secretária"), mexendo com essa figura quase lendária, Diane Arbus, uma dona de casa burguesa de Manhattan, que, aos 35 anos, começou a fotografar o bizarro e o macabro.

O filme, de uma certa maneira, tenta explicar isso, mostrando-a, sempre de forma estilizada e onírica, nas duas fases de sua vida. Primeiro, na sua rotina convencional. Depois, quando se sente atraída por barulhos no apartamento de cima e pela figura, apenas entrevista, de uma espécie de homem-macaco, dando ao filme um tom de "A Bela e a Fera". O vizinho é Robert Downey Jr. fazendo o papel de um sujeito que sofre de uma anomalia e por isso é inteiramente coberto de pêlos.

Depois de um discutível prólogo no qual Diane vai fotografar nudistas, a narrativa recua três meses, mostrando o início de sua rebelião contra o marido, um fotógrafo profissional. Feita a trajetória da descida aos infernos, o filme poderia pelo menos ter indicado o fim trágico da personagem.

O resultado é um exercício sem dúvida curioso, visualmente esquisito. Se por um lado é bom perceber que o cinema ainda se permite produzir filmes anticomerciais como este, também se deve avisar que é para poucos espectadores. E Nicole, de cabelo castanho, devia ter desconfiado que era um papel fraco, no qual ela mais reage do que faz.