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Ficha completa do filme

Documentário

A Pessoa É para o que Nasce (2004)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 3
A Pessoa É para o que Nasce

É exatamente o que você pode esperar de um documentário sobre três velhas cantoras cegas nordestinas (de Campina Grande, Paraíba) que ganham a vida na rua, pedindo esmolas.

São três senhoras humildes e encantadoras (em sua humanidade sem pose ou artifícios) que foram captadas pelas câmeras do diretor carioca desde 1998 (ele também usa material de arquivo desde os anos 60). Elas falam o que pensam (a fotografia nessa primeira fase tem bastante cuidado, o uso dos letreiros é criativo), relatam sua vida infeliz, mas sem grandes conflitos.

Só que o diretor não sabe onde acabar e foi esticando. Elas vão à Bahia, depois à São Paulo, cantam com Gilberto Gil, visitam lugares e vêem paisagens (antes que me corrijam é incrível a quantidade de vezes que elas mesmo usam a expressão eu vi. Na sessão do filme por exemplo disseram que iam ver o filme).

E aí começam a suceder coisas esquisitas e complicadas, como quando a mais velha confessa seu amor pelo diretor (o que consegue ser esclarecido, mas é um momento de desconforto). O filme tem até depois dos letreiros um adendo mostrando as irmãs cegas recebendo a medalha do Mérito Cultural dada pelo Presidente Lula.

O discutível do filme, porém, é mostrar, quase ao final, as três irmãs se banhando inteiramente nuas numa praia paradisíaca. Obviamente seria uma visão ingênua, mas é uma cena que invade a privacidade delas, uma coisa que não estamos querendo ver e que dá uma sensação de que estão sendo usadas e exploradas de forma errada.

Dá um gosto amargo a esse documentário que sem esse voyeurismo ficaria muito melhor. Nem todos, porém concordam com essa minha restrição. Confira.

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